Tradução Brasileira da Bíblia: Livro Gênesis
Este recurso foi desenvolvido por ESRAC e publicado pela ORDEM CETI. Ele permite escutar o Livro de Gênesis na íntegra. Vários tradutores permitiram a disponibilização desta tradução e agradecemos e abençoamos todos eles. Na parte inferior da página o sumário permite acessar os diferentes capítulos do livro de Gênesis. Junte-se à Ordem Ceti!
- No princípio criou Deus o céu e a terra.
- A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, mas o espírito de Deus pairava por cima das águas.
- Disse Deus: Haja luz; e houve luz.
- Viu Deus a luz que era boa, e fez separação entre a luz e as trevas.
- Chamou Deus à luz Dia, e às trevas chamou Noite. Houve tarde e houve manhã, dia primeiro.
- Disse também Deus: Faça-se um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
- Fez, pois, Deus o firmamento, e dividiu as águas que estavam debaixo do firmamento das águas que estavam por cima do firmamento; e assim se fez.
- Chamou Deus ao firmamento Céu. Houve tarde e houve manhã, dia segundo.
- Disse também Deus: Ajuntem-se num só lugar as águas, que estão debaixo do céu, e apareça o elemento seco; e assim se fez.
- Chamou Deus ao elemento seco Terra, e ao ajuntamento das águas Mares; e viu Deus que isso era bom.
- Disse também Deus: Produza a terra relva, ervas que deem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, deem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra; e assim se fez.
- A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies; e viu Deus que isso era bom.
- Houve tarde e houve manhã, dia terceiro.
- Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento do céu, que façam separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais, e para tempos determinados, e para dias e anos;
- e sejam para luzeiros no firmamento do céu a fim de alumiar a terra; e assim se fez.
- Fez Deus os dois grandes luzeiros: o luzeiro maior para presidir ao dia, e o luzeiro menor para presidir a noite; fez também as estrelas.
- Deus os colocou no firmamento do céu para alumiar a terra,
- para presidir ao dia e a noite e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que isso era bom.
- Houve tarde e houve manhã, dia quarto.
- Disse também Deus: Produzam as águas enxames de seres viventes, e voem as aves acima da terra no firmamento do céu.
- Criou, pois, Deus os grandes monstros marinhos, e todos os seres viventes que se arrastam, os quais as águas produziram abundantemente, segundo as suas espécies, e toda a ave que voa, segundo a sua espécie; e viu Deus que isso era bom.
- Deus os abençoou, dizendo: Frutificai, multiplicai-vos e enchei as águas nos mares, e multipliquem-se as aves sobre a terra.
- Houve tarde e houve manhã, dia quinto.
- Disse também Deus: Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis e animais selvagens segundo as suas espécies; e assim se fez.
- Deus fez, pois, os animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies; e viu Deus que isso era bom.
- Disse também Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança: domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todo o réptil que se arrasta sobre a terra.
- Criou, pois, Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
- Deus os abençoou, e lhes disse: Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.
- Disse Deus mais: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento.
- A todos os animais selvagens e a todas as aves do céu e a tudo que se arrasta sobre a terra, em que há vida, tenho dado todas as ervas verdes para lhes servirem de mantimento; e assim se fez.
- Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e houve manhã, dia sexto.
- Assim foram acabados o céu e a terra, com todo o seu exército.
- No sétimo dia acabou Deus a obra que tinha feito; e cessou no sétimo dia de toda a obra que fizera.
- Abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele cessou de toda a obra que fizera como Criador.
- Estas são as gerações do céu e da terra quando foram criados, no dia em que Deus Jeová os criou.
- Não havia ainda nenhuma planta na terra, e nenhuma erva no campo tinha ainda brotado; porque Deus Jeová não tinha feito chover sobre a terra. Não havia homem que cultivasse o solo,
- mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.
- Do pó da terra formou Deus Jeová ao homem, e soprou-lhes nas narinas o fôlego de vida; e o homem tornou-se um ser vivente.
- Então plantou Deus Jeová um jardim, da banda do Oriente, no Éden; e ali pôs o homem que tinha formado.
- Fez Deus Jeová brotar do solo toda a sorte de árvores gratas à vista, e boas para comida; também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
- Do Éden saía um rio para regar o jardim; dali se dividia e se tornava em quatro braços.
- O nome do primeiro é Pison: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.
- O ouro daquela terra é bom: ali também se acha o bdélio e a pedra de ônix.
- O nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.
- O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates.
- Tomou, pois, Deus Jeová ao homem, e pô-lo no jardim do Éden para o cultivar e guardar.
- Ordenou Deus Jeová ao homem: De toda a árvore do jardim podes comer livremente;
- mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás: porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
- Disse mais Deus Jeová: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea.
- Da terra formou Deus Jeová todos os animais do campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem para ver que nome lhes daria: o nome, que o homem deu a todo o ser vivente, esse foi o seu nome.
- O homem deu nomes a todos os animais domésticos, às aves do céu e a todos os animais do campo, mas para ele não se achava uma ajudadora idônea.
- Fez Deus Jeová cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; então tomou uma das costelas do homem, e fechou a carne no lugar dela.
- Da costela que Deus Jeová tinha tomado do homem, formou a mulher, e a trouxe ao homem.
- Então disse o homem: Esta agora é osso dos meus ossos e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porque do varão foi tomada.
- Portanto deixa o homem a seu pai e a sua mãe, e se une à sua mulher; e são uma só carne.
- Estavam ambos nus, o homem e sua mulher, e não se envergonhavam.
- Ora a serpente era mais astuta que qualquer animal do campo que Deus Jeová tinha feito. Ela disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?
- Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer;
- mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.
- Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis;
- porque Deus sabe que no dia em que comerdes do fruto, abrir-se-vos-ão os olhos, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.
- Viu, pois, a mulher que a árvore era boa para comer, que era uma delícia para os olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do fruto dela e comeu; deu também a seu marido, e ele comeu.
- Foram abertos os olhos de ambos e, conhecendo que estavam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram para si umas cintas.
- Ouviram o ruído de Deus Jeová que passeava pelo jardim ao fresco do dia, e esconderam-se o homem e sua mulher da presença de Deus Jeová entre as árvores do jardim.
- Deus Jeová chamou ao homem, e perguntou-lhe: Onde estás?
- Respondeu-lhe o homem: Ouvi a tua voz no jardim, e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.
- Perguntou-lhe Deus: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
- Respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me da árvore, e eu comi.
- Perguntou Deus Jeová à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.
- Então disse Deus Jeová à serpente: Porquanto assim o fizeste, maldita és tu dentre todos os animais domésticos e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás de rastos, o pó comerás todos dos dias da tua vida.
- Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
- Disse ele à mulher: Multiplicarei grandemente o teu sofrer e a tua conceição; em dor darás à luz filhos; o teu desejo será para teu marido, e ele te dominará.
- E a Adão disse: Porque escutaste a voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei que não comesses; maldita é a terra por tua causa: em fadiga tirarás dela o sustento todos os dias da tua vida.
- Ela te produzirá também espinhos e abrolhos, e comerás as ervas do campo.
- No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra, pois dela foste tomado: porquanto tu és pó, e em pó te hás de tornar.
- Chamou o homem à sua mulher Eva, porque era a mãe de todos os viventes.
- Fez Deus Jeová para Adão e para sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.
- Disse Deus Jeová: Eis que o homem se tem tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Agora para que ele não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente,
- Deus Jeová o enviou para fora do jardim do Éden, a fim de cultivar a terra de que havia sido tomado.
- Assim expulsou ao homem; e ao oriente do jardim do Éden pôs os querubins e o chamejar de uma espada que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida.
- O homem conheceu a Eva, sua mulher; ela concebeu e, dando à luz a Caim, disse: Adquiri um homem com o auxílio de Jeová.
- Tornou a dar à luz a um filho a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, mas Caim foi lavrador da terra.
- Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma oferta a Jeová.
- Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas com as gorduras destas. Jeová atentou para Abel e para a sua oferta;
- mas para Caim e para a sua oferta não atentou. Irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
- Perguntou-lhe Jeová: Por que andas tu irado? E por que te descaiu o semblante?
- Porventura se procederes bem, não terás levantado o teu semblante? E, se não procederes bem, o pecado jaz à porta; a ti será o seu desejo, mas tu dominarás sobre ele.
- Caim o contou a seu irmão Abel. Sucedeu, pois, que, estando eles no campo, se levantou Caim contra seu irmão Abel, e o matou.
- Perguntou Jeová a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu o guarda de meu irmão?
- Disse Jeová: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a terra.
- Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para da tua mão receber o sangue de teu irmão.
- Quando lavrares o solo, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
- Disse Caim a Jeová: A minha punição é maior do que a que se pode suportar.
- Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença serei escondido; serei fugitivo e vagabundo na terra: todo o que me encontrar matar-me-á.
- Respondeu-lhe Jeová: Por isso quem matar a Caim, sobre ele cairá a vingança sete vezes mais. Deu Jeová a Caim um sinal, de que não lhe daria a morte quem quer que o encontrasse.
- Saiu Caim da presença de Jeová, e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
- Conheceu Caim a sua mulher; ela concebeu, e deu à luz Enoque. Caim edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade do nome de seu filho, Enoque.
- A Enoque nasceu Irade; Irade gerou a Meujael, Meujael gerou a Metusael e Metusael gerou a Lameque.
- Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da outra Zilá.
- Ada deu à luz Jabal, que foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.
- O nome do seu irmão era Jubal, que foi pai de todos os que tocam harpa e flauta.
- Zilá também deu à luz um filho, Tubalcaim, fabricante de todo o instrumento cortante de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá.
- Disse Lameque às suas mulheres: Ada e Zilá, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escuta as minhas palavras: Pois matei um homem, porque me feriu; e um mancebo, porque me pisou.
- Se por Caim tomar-se-á vingança sete vezes, com certeza por Lameque o será setenta e sete vezes.
- Tornou Adão a conhecer sua mulher; e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete, dizendo: Deus me deu outro filho em lugar de Abel, porquanto Caim o matou.
- A Sete também nasceu um filho, a quem pôs o nome de Enos: foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome de Jeová.
- Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez;
- homem e mulher os criou, e os abençoou e os chamou pelo nome de homem, no dia em que foram criados.
- Adão viveu cento e trinta anos, e gerou à sua semelhança, conforme a sua imagem, um filho, a quem pôs o nome de Sete.
- Foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias que Adão viveu, foram novecentos e trinta anos; e morreu.
- Sete viveu cento e cinco anos, e gerou a Enos.
- Viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Sete foram novecentos e doze anos; e morreu.
- Enos viveu noventa anos, e gerou a Cainã.
- Viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e quinze anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Enos foram novecentos e cinco anos; e morreu.
- Cainã viveu setenta anos, e gerou a Maalaleel.
- Viveu Cainã, depois que gerou a Maalaleel, oitocentos e quarenta anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Cainã foram novecentos e dez anos; e morreu.
- Maalaleel viveu sessenta e cinco anos, e gerou a Jerede.
- Viveu Maalaleel, depois que gerou a Jerede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Maalaleel foram oitocentos e noventa e cinco anos; e morreu.
- Jerede viveu cento e sessenta e dois anos, e gerou a Enoque.
- Viveu Jerede, depois que gerou a Enoque, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Jerede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.
- Enoque viveu sessenta e cinco anos, e gerou Metusalém.
- Andou Enoque com Deus, depois que gerou a Metusalém, trezentos anos: e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos.
- Enoque andou com Deus; e não apareceu mais, porque Deus o tomou.
- Metusalém viveu cento e oitenta e sete anos, e gerou a Lameque.
- Viveu Metusalém, depois que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Metusalém foram novecentos e sessenta e nove anos; e morreu.
- Lameque viveu cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho,
- a quem chamou Noé, dizendo: Este nos dará descanso das nossas obras e do trabalho das nossas mãos, os quais vêm da terra que Jeová amaldiçoou.
- Viveu Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos; e gerou filhos e filhas.
- Todos os dias de Lameque foram setecentos e setenta e sete anos; e morreu.
- Noé era da idade de quinhentos anos, e gerou a Sem, Cão e Jafé.
- Quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra e lhes nasceram filhas,
- viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
- Então disse Jeová: O meu espírito não permanecerá para sempre no homem; por causa do seu errar é ele carne; portanto os seus dias serão cento e vinte anos.
- Ora naqueles dias estavam os Nefilins na terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Os Nefilins eram os valentes que houve na antiguidade, varões de renome.
- Viu Jeová que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos do seu coração era má continuamente.
- Então se arrependeu Jeová de ter feito o homem na terra, e pesou-lhe em seu coração.
- Disse Jeová: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, desde o homem até o animal, até os répteis e até as aves do céu; porque me arrependo de os haver feito.
- Porém Noé achou graça aos olhos de Jeová.
- Estas são as gerações de Noé. Noé foi um homem justo e perfeito nas suas gerações: Noé andou com Deus.
- Gerou três filhos: Sem, Cão e Jafé.
- A terra estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência.
- Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne tinha corrompido o seu caminho sobre a terra.
- Disse Deus a Noé: Hei resolvido dar cabo de toda a carne, porque a terra está cheia da violência dos homens: eis que eu os farei perecer juntamente com a terra.
- Faze para ti uma arca de madeira de gofer: compartimentos farás na arca, e untá-la-ás com betume por dentro e por fora.
- Desta maneira a farás: o comprimento da arca será de trezentos cúbitos, a sua largura de cinquenta e a sua altura de trinta.
- Farás para a arca uma janela, e lhe darás um cúbito de alto; a porta da arca porás no seu lado: fá-la-ás com andares, um embaixo, um segundo e um terceiro.
- Eis que eu vou trazer o dilúvio de águas sobre a terra, para fazer perecer de debaixo do céu toda a carne, em que há o espírito de vida; tudo o que há na terra morrerá.
- Porém contigo estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca, tu com teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.
- De tudo o que vive de toda a carne, dois de cada espécie farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão.
- Das aves segundo as suas espécies, do gado segundo as suas espécies, e de todo o réptil da terra segundo as suas espécies, dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida.
- Leva contigo de tudo o que se come, e ajunta-o para ti; ser-te-á para alimento a ti e a eles.
- Assim fez Noé; segundo tudo o que Deus lhe ordenou, assim o fez.
- Disse Jeová a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque vi que eras justo diante de mim nesta geração.
- De todos os animais limpos levarás contigo de sete em sete, o macho e sua fêmea; e dos animais que não são limpos, dois, o macho e sua fêmea;
- também das aves do céu, de sete em sete, macho e fêmea; para se conservar em vida semente sobre a face da terra.
- Porque, passados ainda sete dias, eu farei chover sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e farei desaparecer da face da terra todas as criaturas que fiz.
- Fez Noé segundo tudo o que Jeová lhe ordenara.
- Noé tinha seiscentos anos de idade, quando o dilúvio de águas veio sobre a terra.
- Entrou na arca Noé com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas do dilúvio.
- Dos animais limpos, e dos animais que não são limpos, e das aves, e de tudo o que se arrasta sobre a terra,
- entraram de dois em dois na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé.
- Passados os sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.
- No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, no dia dezessete do mês, nesse dia romperam-se as fontes do grande abismo, e abriram-se as janelas do céu.
- Caiu copiosa chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites.
- Nesse mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cão e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos.
- Entraram estes com todo o animal segundo as suas espécies, todo o gado segundo as suas espécies, todo o réptil que se arrasta sobre a terra segundo as suas espécies, e toda a ave segundo as suas espécies, pássaro de toda qualidade.
- Entraram a Noé na arca a dois e dois de toda a carne, em que havia espírito de vida.
- Os que entraram, entraram macho e fêmea de toda a carne, como Deus lhe ordenara; e Jeová o fechou dentro.
- Durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra; as águas cresceram e levantaram a arca, que se elevou por cima da terra.
- Prevaleceram as águas, e cresceram grandemente sobre a terra; mas a arca andava sobre as águas.
- As águas prevaleceram excessivamente sobre a terra, e todos os altos montes que havia debaixo do céu foram cobertos.
- Quinze cúbitos por cima deles prevaleceram as águas, e os montes foram cobertos.
- Pereceu toda a carne que se movia sobre a terra, tanto aves, como gado, animais, todo o réptil que se arrasta sobre a terra e todo o homem:
- tudo o que tinha o fôlego do espírito de vida em seus narizes, tudo o que havia na terra seca morreu.
- Foram destruídas todas as criaturas que havia sobre a face da terra, desde o homem até o gado, até o réptil e até as aves do céu; pereceram da terra: foi deixado somente Noé, e os que com ele estavam na arca.
- Prevaleceram as águas sobre a terra cento e cinquenta dias.
- Deus lembrou-se de Noé, de todos os animais e de todo o gado, que estavam com ele na arca; Deus fez passar um vento sobre a terra, e as águas se diminuíram.
- Fecharam-se as fontes do abismo, e as janelas do céu, e foram retidas do céu as copiosas chuvas.
- Iam-se as águas retirando continuamente de cima da terra, e no fim de cento e cinquenta dias as águas minguaram.
- No sétimo mês, no dia dezessete do mês, repousou a arca sobre os montes de Ararate.
- As águas iam diminuindo continuamente até o décimo mês: no décimo mês, no primeiro dia do mês, foram vistos os cumes dos montes.
- Passados quarenta dias, abriu Noé a janela que havia feito na arca;
- soltou um corvo que, saindo, ia e voltava, até que as águas se secaram de sobre a face da terra.
- Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra;
- mas a pomba não achou onde pousar a planta do pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas ainda cobriam a face da terra. Noé, estendendo a mão, tomou-a e a fez recolher na arca.
- Esperou ainda outros sete dias, e de novo soltou a pomba para fora da arca.
- À tarde a pomba voltou para ele, e eis no seu bico uma folha verde de oliveira: assim soube Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra.
- Então esperou ainda outros sete dias, e enviou a pomba; porém ela não voltou mais para ele.
- No ano seiscentos e um, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, secaram-se as águas de cima da terra e, tirando a coberta da arca, olhou Noé, e eis que a face da terra estava enxuta.
- No segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava seca.
- Então disse Deus a Noé:
- Sai da arca, tu com tua mulher, teus filhos e as mulheres de teus filhos.
- Faze também sair a todos os animais, que estão contigo, de toda a carne, tanto aves, como gado e todo o réptil que se arrasta sobre a terra; para que se reproduzam abundantemente na terra, frutifiquem e se multipliquem sobre ela.
- Saíram, pois, Noé, seus filhos, sua mulher, e as mulheres de seus filhos.
- Todo o animal, todo o réptil, toda a ave, tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas famílias, saíram da arca.
- Edificou Noé um altar a Jeová; tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar.
- Sentiu Jeová o suave cheiro, e disse no seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, pois a imaginação do coração do homem é má desde a sua mocidade; nem tornarei mais a ferir todo o vivente, como acabo de fazer.
- Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.
- Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Frutificai, multiplicai-vos e enchei a terra.
- Terá medo e pavor de vós todo o animal da terra, e toda a ave do céu; nas vossas mãos serão eles entregues juntamente com tudo o que se move sobre a terra e com todos os peixes do mar.
- Tudo o que se move e vive vos servirá de mantimento; como a erva verde tudo vos tenho dado a vós.
- A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.
- Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; e da mão do homem, sim da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.
- Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem será derramado o seu sangue; porque o homem foi feito à imagem de Deus.
- Mas vós frutificai, e multiplicai-vos; povoai abundantemente a terra, e nela multiplicai-vos.
- Disse também Deus a Noé e a seus filhos:
- Eis que eu vou estabelecer a minha aliança convosco e com a vossa posteridade depois de vós;
- e também com todo o animal vivente que está convosco: com as aves, com o gado e com todo o animal da terra, desde todos os que saem da arca até todo o animal da terra.
- Estabelecerei a minha aliança convosco: não será mais exterminada toda a carne pelas águas do dilúvio, nem haverá mais dilúvio para destruir a terra.
- Disse Deus: Este é o sinal da aliança que faço entre mim e vós e todo o animal vivente que está convosco, para perpétuas gerações:
- o meu arco tenho posto nas nuvens, e será ele por sinal de uma aliança entre mim e a terra.
- Quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens,
- então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós e todo o animal vivente de toda a carne; as águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda a carne.
- O arco estará nas nuvens; olharei para ele, a fim de me lembrar da aliança eterna entre Deus e todo o animal vivente de toda a carne, que está sobre a terra.
- Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança que tenho estabelecido entre mim e toda a carne que está sobre a terra.
- Os filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cão e Jafé. Cão é o pai de Canaã.
- Estes três foram os filhos de Noé; e destes foi povoada toda a terra.
- Começou Noé a ser lavrador, e plantou uma vinha.
- Bebendo do vinho, embriagou-se e achou-se nu dentro da sua tenda.
- Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu pai, e contou a seus dois irmãos que estavam fora.
- Então tomaram Sem e Jafé uma capa, puseram-na sobre os seus ombros e, andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai; tiveram virados os seus rostos, e não viram a nudez de seu pai.
- Despertando Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço lhe fizera.
- E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos será de seus irmãos.
- E acrescentou: Bendito seja Jeová, o Deus de Sem; e seja-lhes Canaã por servo.
- Dilate Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhes Canaã por servo.
- Noé viveu depois do dilúvio trezentos e cinquenta anos.
- Foram todos os dias de Noé novecentos e cinquenta anos; e morreu.
- Estas são as gerações de Sem, Cão e Jafé, filhos de Noé; e a estes nasceram filhos depois do dilúvio.
- Os filhos de Jafé são: Gômer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras.
- Os filhos de Gômer: Asquenaz, Rifá e Togarma.
- Os filhos de Javã: Elisá, Társis, Quitim e Dodanim.
- Por estes foram repartidas as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas famílias, entre as suas nações.
- Os filhos de Cão: Cuxe, Mizraim, Pute e Canaã.
- Os filhos de Cuxe: Sebá, Havilá, Sabtá, Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá: Sabá e Dedã.
- Cuxe gerou a Ninrode, que começou a ser poderoso na terra.
- Ele era poderoso caçador diante de Jeová; pelo que se diz: Como Ninrode, poderoso caçador diante de Jeová.
- O princípio de seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear.
- Daquela terra saiu ele para a Assíria, e edificou Nínive, Reobote-Ir, Calá
- e Kesen entre Nínive e Calá (esta é a grande cidade).
- Mizraim gerou a Ludim, Anamim, Leabim, Naftuim,
- Patrusim, Casluim (donde saíram os filisteus) e Caftorim.
- Canaã gerou a Sidom, seu primogênito, e a Hete,
- e ao jebuseu, o amorreu, o girgaseu,
- o heveu, o arqueu, o sineu,
- o arvadeu, o zemareu e o hamateu; e depois se espalharam as famílias dos cananeus.
- O termo dos cananeus desde Sidom, no caminho de Gerar, até Gaza; e no caminho de Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa.
- Estes são os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, nas suas terras, nas suas nações.
- A Sem, que foi pai de todos os filhos de Éber e irmão mais velho de Jafé, a ele também nasceram filhos.
- Os filhos de Sem: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arã.
- Os filhos de Arã: Uz, Hul, Géter e Más.
- Arfaxade gerou a Salá, e Salá gerou a Éber.
- A Éber nasceram dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porque nos seus dias foi dividida a terra; e o nome de seu irmão foi Joctã.
- Joctã gerou a Almodá, Salefe, Hazarmavé, Jerá,
- Hadorão, Uzal, Dicla,
- Obal, Abimael, Sabá,
- Ofir, Havilá e Jobabe: todos estes foram filhos de Joctã.
- Foi a sua habitação desde Messa, no caminho de Sefar, monte do Oriente.
- Estes são os filhos de Sem segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, nas suas terras, segundo as suas nações.
- Estas são as famílias dos filhos de Noé segundo as suas gerações, nas suas nações: e destes foram disseminadas as nações na terra depois do dilúvio.
- Ora toda a terra tinha uma só linguagem e um só modo de falar.
- Viajando os homens para o Oriente, acharam uma planície na terra de Sinear; e ali habitaram.
- Disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos lhes serviram de pedras, e o betume de cal.
- E disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre, cujo cume chegue até o céu, e façamo-nos um nome; para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.
- Porém desceu Jeová para ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam.
- Disse Jeová: Eis que o povo é um só, e todos eles têm uma só linguagem. Isto é o que começam a fazer: agora nada lhes será vedado de quanto intentam fazer.
- Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam a linguagem um do outro.
- Assim Jeová os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade.
- Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu Jeová a linguagem de toda a terra; e dali os espalhou sobre a face de toda a terra.
- Estas são as gerações de Sem. Tinha ele cem anos de idade, quando gerou a Arfaxade dois anos depois do dilúvio.
- Viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade, quinhentos anos; e gerou filhos e filhas.
- Arfaxade viveu trinta e cinco anos, e gerou a Salá.
- Viveu Arfaxade, depois que gerou a Salá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
- Salá viveu trinta anos, e gerou a Éber.
- Viveu Salá, depois que gerou a Éber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas.
- Éber viveu trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue.
- Viveu Éber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e filhas.
- Pelegue viveu trinta anos, e gerou a Reú.
- Viveu Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou filhos e filhas.
- Reú viveu trinta e dois anos, e gerou a Serugue.
- Viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e gerou filhos e filhas.
- Serugue viveu trinta anos, e gerou a Naor.
- Viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou filhos e filhas.
- Naor viveu vinte e nove anos, e gerou a Terá.
- Viveu Naor, depois que gerou a Terá, cento e dezenove anos; e gerou filhos e filhas.
- Terá viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor e a Harã.
- Estas são as gerações de Terá: Terá gerou Abrão, a Naor e a Harã: e Harã gerou a Ló.
- Harã morreu antes de seu pai Terá na terra do seu nascimento, em Ur dos Caldeus.
- Abrão e Naor tomaram para si mulheres; o nome da mulher de Abrão era Sarai; e o nome da mulher de Naor era Milca, filha de Harã que foi pai de Milca, e pai de Iscá.
- Sarai era estéril; ela não tinha filhos.
- Tomou Terá a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos Caldeus para ir à terra de Canaã; vieram a Harã, e ali habitaram.
- Foram os dias de Terá duzentos e cinco anos; e morreu Terá em Harã.
- Ora disse Jeová a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai para a terra que te mostrarei;
- farei de ti uma grande nação, e te abençoarei e engrandecerei o teu nome. Sê tu uma bênção:
- abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar; por meio de ti serão benditas todas as famílias da terra.
- Partiu, pois, Abrão, como Jeová lhe ordenara, e foi com ele Ló; tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
- Abrão levou consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que tinham adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; saíram para ir à terra de Canaã; e lá chegaram.
- Atravessou Abrão a terra até o lugar de Siquém, até o terebinto de Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na terra.
- Apareceu Jeová a Abrão e disse: À tua semente darei esta terra. Ali edificou Abrão um altar a Jeová, que lhe aparecera.
- Passando dali para o monte ao oriente de Betel, levantou a sua tenda, ficando-lhe Betel ao ocidente, e Ai ao oriente; ali edificou um altar a Jeová, e invocou o nome de Jeová.
- Continuou Abrão o seu caminho, indo sempre para o Neguebe.
- Havia fome naquela terra; Abrão, pois, desceu ao Egito para peregrinar ali, porquanto era grande a fome na terra.
- Quando ele estava quase a entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora bem sei que és mulher formosa à vista.
- Acontecerá que, quando os egípcios te virem, hão de dizer: Esta é a mulher dele, e me matarão a mim, mas a ti te guardarão em vida.
- Dize, pois, que és minha irmã; para que me vá bem por tua causa, e para que viva a minha alma em atenção a ti.
- Tendo Abrão entrado no Egito, viram os egípcios que a mulher era em extremo formosa.
- Os príncipes de Faraó viram-na e gabaram-na diante de Faraó; e foi levada a mulher para a casa de Faraó.
- Ele tratou bem a Abrão por amor dela; e este veio a ter ovelhas, bois, jumentos, servos, servas, jumentas e camelos.
- Mas feriu Jeová a Faraó e a sua casa com grandes pragas por causa de Sarai, mulher de Abrão.
- Então chamou Faraó a Abrão e disse: Que é isto que me fizeste? Por que não me disseste que ela era tua mulher?
- Por que disseste: É minha irmã? Assim a tomei para ser minha mulher. Agora, pois, eis tua mulher; toma-a e vai-te.
- Faraó deu ordens à sua gente a respeito dele, e o conduziram pelo caminho, a ele, sua mulher e tudo o que tinha.
- Saiu do Egito Abrão com sua mulher e com tudo o que tinha, e Ló com ele, para o Neguebe.
- Abrão era muito rico em gado, em prata e em ouro.
- As suas jornadas do Neguebe até Betel, até o lugar onde primeiro estivera a sua tenda, entre Betel e Ai,
- até o lugar do altar, que dantes ali havia feito; ali invocou Abrão o nome de Jeová.
- Ló também, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas.
- A terra não podia sustentá-los, de maneira que habitassem juntos; porque eram muitos os seus bens, de modo que não podiam habitar juntos.
- Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló: naquele tempo habitavam os cananeus e os ferezeus na terra.
- Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus, porque somos irmãos.
- Porventura não está toda a terra diante de ti? Rogo-te que te apartes de mim: se tu fores para a esquerda, eu irei para a direita; porém, se tu fores para a direita, eu irei para a esquerda.
- Ló levantou os olhos e viu toda a Planície do Jordão, e que era toda bem regada (antes de haver Jeová destruído Sodoma e Gomorra), como o jardim de Jeová, como a terra do Egito, até chegar a Zoar.
- Assim Ló escolheu para si toda a Planície do Jordão, e partiu para o Oriente: apartaram-se um do outro.
- Habitou Abrão na terra de Canaã, e Ló nas cidades da Planície, e foi armando a sua tenda até chegar a Sodoma.
- Ora os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra Jeová.
- Disse Jeová a Abrão, depois que Ló se separou dele: Levanta agora os olhos, desde o lugar onde estás olha para o Norte, para o Sul, para o Oriente e para o Ocidente;
- porque toda essa terra que vês, te hei de dar a ti e à tua semente para sempre.
- Farei a tua semente como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, então também poderá ser contada a tua semente.
- Levanta-te, percorre essa terra no seu comprimento e na sua largura: porque a hei de dar a ti.
- Abrão mudou a sua tenda, e foi habitar perto dos terebintos de Manre, que está em Hebrom, e ali edificou um altar a Jeová.
- Aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinear, Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim,
- fizeram estes guerra contra Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim e contra o rei de Belá (esta é Zoar).
- Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim (este é o Mar Salgado).
- Doze anos serviram a Quedorlaomer, mas no décimo terceiro se rebelaram.
- No décimo quarto ano veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos refains em Asterote-Carnaim, aos zuzins em Hã, aos emins em Savé-Quiriataim,
- e aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã, que está junto ao deserto.
- Na volta vieram a En-Mispate (que é Cades) e feriram toda a terra dos amalequitas, e também aos amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar.
- Saíram os reis de Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Bela (esta é Zoar); e ordenaram batalha contra eles no vale de Sidim,
- contra Quedorlaomer, rei de Elão, contra Tidal, rei de Goim, contra Anrafel, rei de Sinear, e contra Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco.
- Ora o vale de Sidim estava cheio de poços de betume; fugiram os reis de Sodoma e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para o monte.
- Eles tomaram todos os bens de Sodoma e Gomorra com os seus víveres, e foram-se.
- Levaram também a Ló, filho do irmão de Abrão, que morava em Sodoma, e os bens dele, e partiram.
- Veio um que escapara, e deu parte a Abrão, o hebreu. Ora ele habitava perto dos terebintos de Manre, o amorreu, irmão de Escol e de Aner; estes eram aliados de Abrão.
- Tendo Abrão ouvido que seu irmão estava preso, levou os seus homens mais bem disciplinados, nascidos em sua casa, em número de trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã.
- Dividiu-se contra eles de noite, ele e seus servos, e, ferindo-os, os perseguiu até Hobá, que fica à esquerda de Damasco.
- Tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer também a Ló, seu irmão, e os seus bens, e também as mulheres e o povo.
- O rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro, depois que voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele, no vale de Savé (que é o vale do rei).
- Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho: este era sacerdote do Deus Altíssimo.
- Abençoou a Abrão, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra!
- E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos às tuas mãos! Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
- Então o rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e toma para ti os bens.
- Respondeu-lhe Abrão: Levanto a minha mão para Jeová, Deus Altíssimo, Criador do céu e da terra,
- jurando que não tomarei nada de tudo o que é teu, nem um fio nem uma correia dos sapatos, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão:
- salvo o que os mancebos comeram, e a porção que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; que estes tomem a sua porção.
- Depois destas coisas veio a palavra de Jeová a Abrão numa visão, dizendo: Não temas, Abrão; eu sou teu escudo, a tua recompensa será infinitamente grande.
- Respondeu Abrão: Senhor Jeová, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro da minha casa é Eliézer de Damasco?
- Acrescentou Abrão: Eis que a mim não me tens dado filhos, e um escravo vai ser o meu herdeiro.
- Veio-lhe a palavra de Jeová: Este não será o teu herdeiro; porém aquele que será gerado de ti, será o teu herdeiro.
- Fez-lhe sair para fora e disse: Olha para o céu, e conta as estrelas, se as puderes contar; e disse-lhe: Assim será a tua semente.
- Creu Abrão em Jeová, que lhe imputou isto como justiça.
- Disse-lhe mais: Eu sou Jeová que te fiz sair de Ur dos Caldeus, a fim de te dar esta terra em herança.
- Perguntou-lhe Abrão: Ó Senhor Jeová, como saberei que a hei de herdar?
- Respondeu-lhe: Toma-me uma novilha de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, e uma rola e um pombinho.
- Ele, tomando todos estes animais, os partiu pelo meio, e pôs cada metade em frente da outra; mas as aves não partiu.
- As aves de rapina desciam sobre os cadáveres, porém Abrão as enxotava.
- Quando o sol ia a entrar, caiu um profundo sono sobre Abrão; eis que lhe sobreveio um horror de grandes trevas.
- E lhe foi dito: Sabe com certeza que a tua semente será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será aflita por quatrocentos anos.
- Sabe também que eu hei de julgar a nação, a que têm de servir: e depois sairão com grandes riquezas.
- Tu, porém, irás em paz para teus pais; serás sepultado numa boa velhice.
- Na quarta geração voltarão para cá, porque a medida da iniquidade dos amorreus ainda não está cheia.
- Quando o sol já estava posto, e era escuro, um fogo fumegante e uma tocha de fogo passaram por entre aquelas metades.
- Naquele dia fez Jeová uma aliança com Abrão, dizendo: À tua semente tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o rio Eufrates:
- O queneu, o quenezeu, o cadmoneu,
- o heteu, o ferizeu, os refains,
- o amorreu, o cananeu, o girgaseu e o jebuseu.
- Ora Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; mas tinha uma serva egípcia, que se chamava Hagar.
- Disse Sarai a Abrão: Eis que Jeová me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha serva, porventura terei filhos por meio dela. Escutou Abrão a voz de Sarai.
- Então Sarai, mulher de Abrão, tomou a Hagar egípcia, sua serva, depois de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã, e a deu por mulher a seu marido.
- Ele conheceu a Hagar, e ela concebeu; vendo ela que tinha concebido, foi sua senhora desprezada aos seus olhos.
- Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta, que me é feita a mim. Eu pus a minha serva no teu seio, e vendo ela que tinha concebido, eu fui desprezada aos seus olhos. Jeová seja juiz entre mim e ti.
- Respondeu, porém, Abrão a Sarai: Eis que tua serva está em tuas mãos: faze-lhe como bem te parecer. E Sarai maltratou-a, e ela fugiu da sua face.
- O anjo de Jeová achou-a junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte que está no caminho de Sur.
- Perguntou-lhe: Hagar, serva de Sarai, donde vieste? E para onde vais? Respondeu ela: Da presença de Sarai, minha senhora, vou fugindo.
- Disse-lhe o anjo de Jeová: Volta para a tua senhora, e humilha-te debaixo das suas mãos.
- Disse-lhe mais o anjo de Jeová: Multiplicarei sobremaneira a tua descendência, de modo que não será contada por ser tão numerosa.
- Disse-lhe ainda mais o anjo de Jeová: Eis que concebeste, e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque Jeová ouviu a tua aflição.
- Ele será como um jumento selvagem entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele: ao oriente de todos os seus irmãos habitará.
- Então chamou a Jeová que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois ela disse: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?
- Pelo que se chamou o poço Beer-Laai-Roi; ele está entre Cades e Berede.
- Hagar deu à luz Ismael a Abrão; e Abrão chamou Ismael o nome do filho que Hagar lhe deu.
- Tinha Abrão oitenta e seis anos, quando Hagar lhe deu à luz Ismael.
- Quando Abrão era de noventa e nove anos de idade, apareceu-lhe Jeová e disse: Eu sou Deus Todo-poderoso; anda diante de mim, e sê perfeito.
- Eu farei uma aliança entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.
- Abrão prostrou-se com o rosto em terra, e falou Deus com ele:
- Quanto a mim, a minha aliança é contigo, e serás pai de uma multidão de nações.
- O teu nome não se chamará mais Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois te hei posto por pai de uma multidão de nações.
- Far-te-ei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e de ti sairão reis.
- Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua semente depois de ti nas suas gerações por uma aliança eterna, e para que eu seja o teu Deus e o da tua semente depois de ti.
- Dar-te-ei a ti e à tua semente depois de ti a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua; e serei o seu Deus.
- Disse mais Deus a Abraão: Quanto a ti, guardarás a minha aliança, tu e a tua semente depois de ti, nas suas gerações.
- Esta é a aliança, que guardareis, entre mim e vós e a tua semente depois de ti: todo o macho dentre vós será circuncidado.
- Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal duma aliança entre mim e vós.
- O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo o macho nas vossas gerações, o escravo nascido em casa e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não é da tua linhagem.
- Tem de ser circuncidado o escravo nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne por uma aliança eterna.
- O incircunciso que não for circuncidado na carne do seu prepúcio, essa alma será cortada do seu povo; quebrou a minha aliança.
- Disse Deus a Abraão: Quanto a Sarai, tua mulher, não lhe chamarás Sarai, mas Sara será o seu nome.
- Abençoá-la-ei, e também dela te darei um filho: sim abençoá-la-ei, e virá ela a ser nações; reis de povos sairão dela.
- Então se prostrou Abraão com o rosto em terra, riu-se e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara, que tem noventa anos.
- Disse Abraão a Deus: Oxalá que viva Ismael diante de ti.
- Respondeu Deus: Com certeza Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe chamarás Isaque: com ele estabelecerei a minha aliança, por uma aliança eterna para a sua semente depois dele.
- Quanto a Ismael, eu te hei ouvido: eis que o tenho abençoado, e fá-lo-ei frutificar, e multiplicá-lo-ei grandissimamente; doze príncipes gerará, e dele farei uma grande nação.
- A minha aliança, porém, estabelecerei com Isaque, que Sara dará à luz neste tempo determinado no ano vindouro.
- Ao acabar de falar com Abraão, Deus retirou-se dele.
- Abraão tomou a Ismael, seu filho, e a todos os escravos nascidos em sua casa e a todos os que tinham sido comprados por seu dinheiro, todo o macho entre os homens da casa de Abraão, e circuncidou a carne de seus prepúcios naquele mesmo dia como Deus lhe ordenara.
- Tinha Abraão noventa e nove anos, quando foi circuncidado na carne do seu prepúcio.
- Ismael, seu filho, tinha treze anos, quando foi circuncidado na carne do seu prepúcio.
- No mesmo dia foi circuncidado Abraão e seu filho Ismael.
- Todos os homens da sua casa, assim os escravos nascidos nela, como os comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.
- Apareceu Jeová a Abraão junto aos terebintos de Manre, quando ele estava sentado à entrada da tenda no calor do dia.
- Tendo ele levantado os olhos, olhou e eis que três homens estavam de pé em frente dele: quando os viu, correu da entrada da tenda para os receber, prostrou-se em terra
- e disse: Senhor meu, se tenho achado graça nos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo:
- que seja trazida um pouco de água, lavai os pés, e reclinai-vos debaixo da árvore;
- trarei um bocado de pão, e confortai o vosso coração; depois ireis adiante: pois por isso chegastes ao vosso servo. Responderam: Faze assim como disseste.
- Apressou-se Abraão em entrar na tenda a ter com Sara, e disse: Amassa depressa três medidas de flor de farinha, e faze pão assado ao borralho.
- Correu Abraão ao gado, tomou um bezerro tenro e bom e deu-o ao criado, que se apressou em prepará-lo.
- Então tomou leite azedo e leite fresco, e o bezerro que mandara preparar, e pôs tudo diante deles. Ficou de pé ao lado deles debaixo da árvore, e eles comeram.
- Eles lhe perguntaram: Onde está Sara, tua mulher? Respondeu ele: Ela está na tenda.
- Disse um deles: Certamente voltarei a ti daqui a um ano; e Sara, tua mulher, terá um filho. Ouviu-o Sara à entrada da tenda, que estava atrás dele.
- Ora Abraão e Sara eram já velhos, e de idade avançada; e a Sara tinha cessado o costume das mulheres.
- Assim riu-se Sara consigo, dizendo: Terei prazer, depois de envelhecida, sendo também velho o meu senhor?
- Perguntou Jeová a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: É verdade que eu, que sou velha, darei à luz um filho?
- Há, porventura, alguma coisa que seja demasiadamente difícil a Jeová? Ao tempo determinado daqui a um ano voltarei a ti, e Sara terá um filho.
- Então Sara, porque teve medo, o negou, dizendo: Não me ri. Mas ele disse: Não é assim; pois tu te riste.
- Tendo-se levantado dali os homens, olharam para Sodoma; e Abraão ia com eles para os encaminhar.
- Disse Jeová: Ocultarei eu a Abraão o que faço;
- visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão benditas todas as nações da terra?
- Porque o tenho conhecido, a fim de que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, que guardem o caminho de Jeová para praticarem a justiça e o juízo; a fim de que Jeová faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado.
- Disse mais Jeová: Em verdade o clamor de Sodoma e Gomorra tem-se multiplicado, e o seu pecado tem-se agravado muito;
- descerei e verei se em tudo têm praticado segundo o seu clamor, que é chegado a mim; e se assim não é, sabê-lo-ei.
- Então os homens voltaram dali os seus rostos, e foram em direção a Sodoma; porém Abraão ficou ainda em pé diante de Jeová.
- Chegando-se Abraão, disse: Hás de perder os justos com os ímpios?
- Há, talvez, cinquenta justos dentro da cidade; destruirás e não pouparás o lugar por amor dos cinquenta justos que estão ali?
- Longe de ti fazeres tal coisa, que mates os justos com os ímpios, de sorte que sejam os justos como os ímpios; seja isto longe de ti: não fará justiça o Juiz de toda a terra?
- Respondeu Jeová: Se eu achar em Sodoma cinquenta justos dentro da cidade, perdoarei o lugar todo por amor deles.
- Disse-lhe mais Abraão: Eis que tomei a liberdade de falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza:
- porventura faltarão cinco para os cinquenta justos; destruirás toda a cidade porque lhe faltam estes cinco? Respondeu ele: Não a destruirei, se achar ali quarenta e cinco.
- Disse-lhe ainda mais Abraão: Porventura se acharão ali quarenta. Respondeu ele: Não o farei por amor dos quarenta.
- Disse Abraão: Não se ire o Senhor, e falarei; porventura achar-se-ão ali trinta. Respondeu o Senhor: Não o farei, se eu achar ali trinta.
- Disse Abraão: Eis que tomei a liberdade de falar ao Senhor; porventura achar-se-ão ali vinte. Respondeu o Senhor: Não a destruirei por amor dos vinte.
- Disse Abraão: Não se ire o Senhor, e ainda falarei somente esta vez; porventura achar-se-ão ali dez. Respondeu o Senhor: Não a destruirei por amor dos dez.
- Foi-se Jeová, logo que acabou de falar com Abraão; e Abraão voltou para o seu lugar.
- Chegaram os dois anjos a Sodoma à tarde, estando Ló sentado na porta de Sodoma; Ló, quando os viu, levantou-se para os receber e, prostrando-se com o rosto em terra,
- disse-lhes: Eis agora, meus senhores, vinde para a casa do vosso servo, passai nela à noite, e lavai os pés, e de madrugada vos levantareis e ireis vosso caminho. Responderam eles: Não; mas na praça passaremos a noite.
- Instou-os muito, e foram e entraram em casa dele; ele lhes deu um banquete, fez assar uns pães asmos, e eles comeram.
- Porém antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, os homens de Sodoma, assim os moços como os velhos, sim todo o povo de todos os lados;
- e chamando a Ló disseram-lhe: Onde estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá fora a nós, para que os conheçamos.
- Então Ló saiu-lhes à porta, e fechou-a atrás de si.
- E disse: Rogo-vos, meus irmãos, não procedais tão perversamente.
- Eu tenho duas filhas que ainda não conheceram varão. Permita-me que vo-las traga para fora e fazei-lhes como bem vos parecer; somente nada façais a estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado.
- Eles, porém, disseram: Sai daí. E acrescentaram: Esse indivíduo entrou a peregrinar, e quer fazer-se juiz; agora havemos de te tratar a ti pior do que a eles. Arremessaram-se sobre o homem, sobre Ló, e aproximaram-se para arrombar a porta.
- Porém os homens estendendo as mãos, fizeram entrar Ló para dentro de casa, e fecharam a porta.
- Feriram de cegueira os que estavam do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de sorte que se cansaram para achar a porta.
- Então perguntaram os homens a Ló: Tens tu mais alguém aqui? Genro, e teus filhos e tuas filhas, todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar:
- pois nós vamos destruir este lugar, porque o clamor deles se tem tornado grande diante de Jeová; e Jeová nos enviou a destruí-lo.
- Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque Jeová há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando.
- E, ao amanhecer, os anjos apertavam com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que estão aqui, para que não pereças no castigo da cidade.
- Ele, porém, se demorava; os homens pegaram-lhe pela mão, pela mão da mulher dele e pela mão das duas filhas dele, sendo-lhe misericordioso Jeová: tiraram-no, e puseram-no fora da cidade.
- Quando os tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva a tua vida; não olhes para trás de ti, nem pares em toda a Planície; escapa-te para o monte, para que não pereças.
- Respondeu-lhes Ló: Não, senhor meu;
- eis que teu servo tem achado graça diante de ti, e tens engrandecido a tua misericórdia, que me mostraste, salvando-me a vida. Eu não me posso escapar ao monte para que o mal não me apanhe, e eu morra.
- Eis ali perto essa cidade para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que eu me escape para lá (porventura não é pequena?), e viverá a minha alma.
- Disse-lhe: Quanto a isto também te hei atendido, para não subverter a cidade de que acabas de falar.
- Apressa-te, escapa-te para lá; pois nada posso fazer antes que chegues ali. Por isso se chamou o nome da cidade Zoar.
- Tinha saído o sol sobre a terra, quando Ló chegou a Zoar.
- Então Jeová fez chover sobre Sodoma e sobre Gomorra enxofre e fogo, da parte de Jeová desde o céu;
- subverteu aquelas cidades e toda a Planície, e todos os moradores das cidades, e o que nascia da terra.
- Mas a mulher de Ló olhou de detrás dele, e ficou convertida em uma estátua de sal.
- Tendo-se levantado Abraão de madrugada, foi ao lugar onde estivera de pé diante de Jeová;
- e contemplando Sodoma e Gomorra e toda a terra da Planície, viu e eis que o fumo da terra subia como o fumo duma fornalha.
- Quando Deus destruiu as cidades da Planície, então se lembrou de Abraão, e tirou a Ló do meio da destruição, quando subverteu as cidades em que Ló habitara.
- Subiu Ló de Zoar e habitou no monte, ele e suas duas filhas, porque teve medo de ficar em Zoar: e habitou numa caverna, ele e suas duas filhas.
- Disse a primogênita à menor: Nosso pai é velho, e na terra não há homem que venha unir-se conosco como é o costume de toda a terra.
- Vinde, façamos que nosso pai beba vinho, e vamos deitar-nos com ele, para que possamos conservar a linhagem de nosso pai.
- Aquela noite, pois, deram de beber vinho a seu pai e, entrando a primogênita, deitou-se com ele; ele não sentiu, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou.
- No dia seguinte disse a primogênita à menor: Eis que ontem à noite me deitei com meu pai. Demos-lhe de beber vinho esta noite também; entra e deita-te com ele, para que possamos conservar a linhagem de nosso pai.
- Tornaram, pois, aquela noite a dar de beber vinho a seu pai e, levantando-se a menor, deitou-se com ele; ele não sentiu, nem quando ela se deitou, nem quando se levantou.
- Assim as duas filhas de Ló conceberam de seu pai.
- A primogênita deu à luz um filho, e chamou-lhe Moabe: este é o pai dos moabitas, até o dia de hoje.
- A menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe Ben-Ami: este é o pai dos filhos de Amom, até o dia de hoje.
- Partindo Abraão dali para a terra do Neguebe, habitou entre Cades e Sur; e peregrinou em Gerar.
- Disse Abraão de Sara, sua mulher: Ela é minha irmã; assim, pois, Abimeleque, rei de Gerar, enviou e tomou a Sara.
- Deus, porém, apareceu a Abimeleque em sonhos de noite e disse-lhe: Eis que vais morrer por causa da mulher que tomaste, porque ela tem marido.
- Ora Abimeleque ainda não se havia chegado a ela; perguntou pois: Senhor, matarás porventura também a uma nação justa?
- Não me disse ele mesmo: É minha irmã? E ela também disse: Ele é meu irmão; na sinceridade do meu coração e na inocência das minhas mãos fiz isto.
- Respondeu-lhe Deus em sonhos: Sim, eu sei que na sinceridade do teu coração fizeste isto, também eu te impedi de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la.
- Agora restitui a mulher ao homem, pois ele é profeta, e intercederá por ti, e viverás; se, porém, não lha restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.
- Levantou-se Abimeleque de manhã cedo e, chamando a todos os seus servos, lhes falou aos ouvidos todas estas palavras, e os homens temeram muito.
- Então chamou Abimeleque a Abraão e lhe perguntou: Que é o que nos fizeste? Em que pequei eu contra ti, que trouxeste sobre mim e sobre o meu reino este grande pecado? Fizeste a mim o que se não deve fazer.
- Perguntou mais Abimeleque a Abraão: Que viste tu, para fazeres isto?
- Respondeu Abraão: Porque pensei, certamente não há temor de Deus neste lugar; matar-me-ão por causa de minha mulher.
- Além disso ela é realmente minha irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe, e veio a ser minha mulher.
- Quando Deus me fez andar errante da casa de meu pai, disse-lhe a ela: Esta é a graça que me farás; em todo o lugar em que entrarmos, dize: Ele é meu irmão.
- Tomou, pois, Abimeleque ovelhas e bois, e servos e servas, e deu-os a Abraão e restituiu-lhe a Sara, sua mulher.
- Disse Abimeleque: A minha terra está diante de ti; habita onde bem te parecer.
- A Sara disse: Eis que tenho dado a teu irmão mil siclos de prata; isto te serve para cobrir os olhos dos que estão contigo; e perante todos estás reabilitada.
- Orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, a sua mulher e às suas servas; e elas tiveram filhos.
- Porque Jeová tinha fechado totalmente as madres de todas as mulheres da casa de Abimeleque, por causa de Sara, mulher de Abraão.
- Jeová visitou a Sara como dissera, e fez-lhe como tinha falado.
- Ela concebeu e deu a Abraão na sua velhice um filho ao tempo determinado, de que Deus lhe tinha falado.
- Ao filho que lhe nascera, que Sara lhe dera à luz, Abraão chamou Isaque.
- E ele circuncidou a seu filho Isaque, quando tinha oito dias, conforme Deus lhe ordenara.
- Abraão tinha cem anos, quando Isaque, seu filho, lhe nasceu.
- Disse Sara: Deus preparou riso para mim; todo aquele que o ouvir, se rirá por minha causa.
- E continuou: Quem teria dito a Abraão que Sara havia de amamentar filhos? Pois na sua velhice lhe dei um filho.
- Cresceu o menino, e foi desmamado; e no dia em que ele foi desmamado deu Abraão um grande banquete.
- Sara viu brincando o filho de Hagar, a egípcia, que esta dera à luz a Abraão.
- Pelo que disse a Abraão: Deita fora esta escrava e seu filho; pois o filho desta escrava não será herdeiro com meu filho, com Isaque.
- Pareceu isto bem duro aos olhos de Abraão por causa de seu filho.
- Disse Deus a Abraão: Não te seja isso duro por causa do moço e por causa da tua escrava: em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz: pois em Isaque será chamada a tua descendência.
- Também do filho da escrava farei uma nação, porquanto ele é da tua semente.
- Abraão tendo-se levantado de manhã cedo, tomou pão e um odre de água, pô-los sobre o ombro de Hagar, deu-lhe o menino, e despediu-a. Partindo ela, andava errante pelo deserto de Berseba.
- Consumida que foi a água do odre, colocou o menino debaixo de um dos arbustos.
- Ela foi sentar-se em frente dele a boa distância, como a de um tiro de arco; pois disse: Que não veja eu a morte do menino. Sentada em frente dele, levantou a sua voz e chorou.
- Deus, porém, ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus, chamando a Hagar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Hagar? Não temas; porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está.
- Ergue-te, levanta o menino e sustenta-o nas tuas mãos, porque dele farei uma grande nação.
- Deus abriu-lhe os olhos, e ela viu um poço de água; e, indo, encheu o odre de água e deu de beber ao menino.
- Deus estava com o menino, que cresceu, morava no deserto e tornou-se flecheiro.
- Ele habitou no deserto de Parã: e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito.
- Por esse tempo disseram a Abraão Abimeleque e Ficol, general do seu exército: Deus é contigo em tudo o que fazes;
- agora, pois, jura-me aqui por Deus que não te haverás falsamente comigo, nem com meu filho, nem com o filho de meu filho; mas usarás comigo e com a terra em que tens peregrinado daquela bondade com que eu te tratei.
- Respondeu Abraão: Eu jurarei.
- Abraão repreendeu a Abimeleque por causa dum poço de água que os servos deste lhe tinham tomado a força.
- Respondeu-lhe Abimeleque: Não sei quem fez isso; nem tu mo fizeste saber, tampouco ouvi falar em tal coisa, senão hoje.
- Tomou Abraão ovelhas e bois, e deu-os a Abimeleque; e fizeram ambos uma aliança.
- Pôs Abraão à parte sete cordeiras do rebanho.
- Perguntou Abimeleque a Abraão: Que significam estas sete cordeiras que puseste à parte?
- Respondeu Abraão: Receberás da minha mão estas sete cordeiras, para que me sirvam de testemunho de que eu cavei este poço.
- Pelo que chamou àquele lugar Berseba, porque ali juraram ambos eles.
- Assim fizeram uma aliança em Berseba; levantaram-se Abimeleque e Ficol, general do seu exército, e voltaram para a terra dos filisteus.
- Plantou Abraão uma tamargueira em Berseba, e invocou ali o nome de Jeová, o Deus Eterno.
- Peregrinou Abraão na terra dos filisteus muitos dias.
- Depois disto experimentou Deus a Abraão e lhe disse: Abraão. Este lhe respondeu: Eis-me aqui.
- Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar.
- Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo, e albardou o seu jumento, levando consigo dois de seus moços e a Isaque, seu filho; tendo fendido a lenha para o holocausto, levantou-se e foi ao lugar que Deus lhe havia dito.
- Ao terceiro dia, levantando Abraão os olhos, viu o lugar de longe.
- Disse a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá; depois de adorarmos, voltaremos a vós.
- Tomou a lenha do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também na mão o fogo e o cutelo: e caminharam ambos juntos.
- Disse Isaque a Abraão, seu pai: Meu Pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, porém onde está o cordeiro para o holocausto?
- Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; assim caminharam ambos juntos.
- Chegaram ao lugar que Deus lhe havia dito; e ali edificou Abraão o altar e pôs a lenha em ordem e, tendo ligado a Isaque, seu filho, deitou-o sobre o altar em cima da lenha.
- Então estendeu a mão e pegou no cutelo para imolar a seu filho.
- Mas bradou-lhe do céu o anjo de Jeová: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui!
- Continuou o anjo: Não estendas a mão sobre o mancebo, e não lhe faças nada; pois agora sei que tu temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, teu único filho.
- Tendo levantado Abraão os olhos, olhou e eis atrás de si um carneiro embaraçado num mato pelos chifres; foi, tomou o carneiro e ofereceu-o em holocausto em lugar de seu filho.
- Chamou Abraão àquele lugar Jeová-Jiré; donde até o dia de hoje se diz: No monte de Jeová se provê.
- Então bradou desde o céu o anjo do Senhor a Abraão pela segunda vez,
- e disse: Por mim mesmo jurei, diz Jeová, porque fizeste isto e não me negaste teu filho,
- que deveras te abençoarei e multiplicarei a tua descendência como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar. Ela possuirá a porta dos seus inimigos,
- e por tua semente se abençoarão todas as nações da terra, porque obedeceste à minha voz.
- Então voltou Abraão a seus moços, eles se levantaram e foram juntos a Berseba. Abraão habitou em Berseba.
- Depois destas coisas foi dada notícia a Abraão nestes termos: Eis que Milca também tem dado à luz filhos a Naor, teu irmão:
- Uz, seu primogênito, Buz, seu irmão, Quemuel, pai de Arã,
- Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel.
- Betuel gerou a Rebeca: estes oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão.
- Sua concubina chamava-se Reumá, que também deu à luz filhos: Tebá, Gaã, Taás e Maaca.
- Foi a vida de Sara cento e vinte e sete anos: estes foram os anos da vida de Sara.
- Morrendo Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã, veio Abraão para carpi-la e chorar por ela.
- Depois de se levantar de diante da sua falecida mulher, disse aos filhos de Hete:
- Peregrino e forasteiro sou entre vós. Dai-me entre vós a posse dum lugar de sepultura para que eu sepulte o meu defunto de diante da minha face.
- Responderam-lhe os filhos de Hete:
- Ouve-nos, meu senhor. Tu és príncipe de Deus entre nós: enterra na melhor de nossas sepulturas o teu defunto; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu defunto.
- Levantou-se Abraão e fez reverência ao povo da terra, aos filhos de Hete.
- Falou com eles, dizendo: Se é do vosso agrado que eu sepulte o meu defunto de diante da minha face, ouvi-me e intercedei por mim junto a Efrom, filho de Zoar,
- para que ele me dê a cova de Macpela, que tem no fim do seu campo; que ma dê pelo preço justo para uma posse entre vós de um lugar de sepultura.
- Ora Efrom estava sentado no meio dos filhos de Hete; respondeu Efrom, o heteu a Abraão, ouvindo-o os filhos de Hete, a saber, todos os que entravam pela porta da sua cidade:
- De nenhuma sorte, meu senhor, ouve-me. O campo te dou, também te dou a cova que nele está: na presença dos filhos do meu povo te dou; sepulta o teu defunto.
- Abraão fez uma reverência diante do povo da terra.
- E disse a Efrom, aos ouvidos do povo da terra: Mas, se te agrada, ouve-me. Darei o preço do campo: toma-o de mim, e ali sepultarei o meu defunto.
- Respondeu-lhe Efrom:
- Meu senhor, ouve-me. Um terreno que vale quatrocentos siclos de prata! Que é isto entre mim e ti? Sepulta ali o teu defunto.
- Abraão ouviu a Efrom; e pesou-lhe a prata, de que este tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, moeda corrente entre os mercadores.
- Assim o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele havia e todas as árvores que no campo havia, por todos os seus limites ao redor, se confirmaram
- a Abraão como posse na presença dos filhos de Hete, a saber, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.
- Depois sepultou Abraão a Sara, sua mulher, na cova do campo de Macpela em frente de Manre (esta é Hebrom), na terra de Canaã.
- Assim o campo, e a cova que nele estava, foram confirmados a Abraão pelos filhos de Hete para posse de um lugar de sepultura.
- Abraão era velho, e de idade avançada; e Jeová o tinha em tudo abençoado.
- Abraão disse ao seu servo, o mais antigo da sua casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe a tua mão por baixo da minha coxa,
- e te farei jurar por Jeová, Deus do céu e da terra, que não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, entre os quais habito;
- mas irás à minha terra e à minha parentela, e daí tomarás mulher para meu filho Isaque.
- Perguntou-lhe o servo: Porventura a mulher não quererá seguir-me para esta terra; farei, pois, tornar teu filho para a terra donde saíste?
- Respondeu-lhe Abraão: Guarda-te que não faças tornar para lá meu filho.
- Jeová, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e da terra do meu nascimento, e que me falou e jurou, dizendo: À tua semente darei esta terra; ele enviará o seu anjo diante de ti, e tomarás dali mulher para meu filho.
- Se a mulher não quiser seguir-te, serás livre deste teu juramento; somente não farás tornar para lá meu filho.
- Então pôs o servo a mão por baixo da coxa de Abraão, seu senhor, e sobre esta palavra prestou-lhe juramento.
- Tomou o servo dez camelos dos camelos de seu senhor, e partiu, tendo na sua mão todos os bens de seu senhor; levantou-se e foi a Mesopotâmia, à cidade de Naor.
- Fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto ao poço de água, à hora da tarde em que as mulheres saem para tirar água.
- E disse: Ó Jeová, Deus do meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas hoje e uses de benevolência para com o meu senhor Abraão.
- Eis que estou em pé junto à fonte de água, e as filhas dos homens desta cidade estão saindo para tirar água.
- A donzela a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, para que eu beba, e que responder: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos, seja a que destinaste para o teu servo Isaque. Por isso conhecerei que usaste de benevolência para com o meu senhor.
- Antes que tivesse ele acabado de falar, saiu Rebeca, filha de Betuel, filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, levando sobre o ombro o seu cântaro.
- A donzela era muito formosa à vista, virgem a quem homem nenhum havia conhecido; ela desceu à fonte, encheu o seu cântaro e subiu.
- O servo correu-lhe ao encontro e disse: Rogo-te que me dês de beber um pouco de água do teu cântaro.
- Respondeu ela: Bebe, meu senhor. Apressou-se, desceu o seu cântaro sobre a mão e deu-lhe de beber.
- Quando ele tinha acabado de lhe dar de beber, disse: E também para os teus camelos tirarei água, até que acabem de beber.
- Apressou-se, vazou o seu cântaro no tanque, correu outra vez ao poço para tirar água e tirou para todos os camelos dele.
- O homem a contemplava atentamente, em silêncio, para saber se Jeová havia tornado próspera a sua jornada, ou não.
- Depois que os camelos acabaram de beber, tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro;
- e perguntou: De quem és filha? Rogo-te que mo digas. Há lugar em casa de teu pai para nós pousarmos?
- Respondeu-lhe ela: Sou filha de Betuel, filho de Milca, o qual ela deu à luz a Naor.
- Disse-lhe mais: Temos também palha e pasto bastante, e lugar para pousar.
- Então se prostrou o homem e adorou a Jeová:
- E disse: Bendito seja Jeová, Deus do meu senhor Abraão, que não retirou do meu senhor a sua benevolência e a sua verdade; quanto a mim, Jeová guiou-me no caminho à casa dos irmãos do meu senhor.
- A donzela correu e relatou aos da casa de sua mãe estas coisas.
- Ora Rebeca tinha um irmão, que se chamava Labão: ele correu ao encontro do homem até a fonte.
- Quando viu o pendente, e as pulseiras sobre as mãos de sua irmã, e ouviu as palavras de Rebeca, sua irmã, que dizia: Assim me falou o homem; foi ter com ele. Eis que estava ele em pé junto à fonte e aos camelos.
- Labão disse: Entra, bendito de Jeová; porque estás da parte de fora? Pois eu tenho preparado a casa, e lugar para os camelos.
- Então o homem entrou na casa, e desapertou os camelos; deu palha e pasto para os camelos, e água para lavar os pés dele e dos homens que com ele estavam.
- Diante dele puseram comida; porém ele disse: Eu não comerei até que tenha dito o meu negócio. Labão respondeu-lhe: Dize.
- Então disse: Eu sou servo de Abraão.
- Jeová tem abençoado muito ao meu senhor, o qual se tem engrandecido: deu-lhe rebanhos e gado, prata e ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos.
- Sara, mulher do meu senhor, sendo já velha, deu à luz um filho: e a este deu ele tudo quanto tem.
- O meu senhor fez-me jurar, dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus, em cuja terra habito;
- mas irás à casa de meu pai e à minha parentela, e tomarás mulher para meu filho.
- Respondi ao meu senhor: Porventura a mulher não me seguirá.
- Ele me disse: Jeová, diante de quem ando, enviará o seu anjo contigo e tornará próspero o teu caminho; e da minha parentela e da casa de meu pai tomarás mulher para meu filho.
- Então serás livre do meu juramento, quando fores ter com a minha parentela; e, se não ta derem, livre serás do meu juramento.
- Cheguei, pois, hoje à fonte e disse: Ó Jeová, Deus do meu senhor Abraão, se é assim que tornas próspero o caminho que eu sigo;
- eis que estou em pé junto à fonte de água. A donzela que sair para tirar água, a quem eu disser: Dá-me de beber um pouco de água do teu cântaro,
- e que me responder: Bebe tu, e também tirarei água para os teus camelos, seja a mulher que Jeová destinou para o filho do meu senhor.
- Antes que eu tivesse acabado de falar comigo mesmo, saiu Rebeca levando sobre o ombro o seu cântaro. Ela desceu à fonte, e tirou água e eu lhe disse: Rogo-te que me dês de beber.
- Ela apressou-se, baixou do ombro o cântaro e disse: Bebe, e darei de beber aos teus camelos. Assim bebi, e ela também deu de beber aos camelos.
- Perguntei-lhe: De quem és filha? Respondeu ela: Sou filha de Betuel, filho de Naor, o qual lhe deu à luz Milca. Então eu pus o pendente em seu nariz e as pulseiras em suas mãos.
- Prostrei-me e adorei a Jeová, e bendisse a Jeová, Deus do meu senhor Abraão, que me havia conduzido por um caminho direito para tomar para seu filho a filha do parente do meu senhor.
- Agora se vós haveis de usar de benevolência e de verdade para com o meu senhor, declarai-mo; e, se não, declarai-mo; para que eu vá, ou para a direita ou para a esquerda.
- Então responderam Labão e Betuel: De Jeová procede este negócio; nós não podemos falar-te coisa nenhuma.
- Eis que Rebeca está diante de ti, toma-a e vai-te, e seja ela a mulher do filho do teu senhor, conforme disse Jeová.
- Quando o servo de Abraão ouviu as palavras deles, prostrou-se em terra diante de Jeová.
- Tirou o servo joias de ouro e de prata e vestidos, e deu-os a Rebeca; também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe.
- Então comeram e beberam, ele e os homens que estavam com ele, e passaram a noite. Quando se levantaram de manhã, disse o servo: Deixai-me ir ao meu senhor.
- Disseram o irmão e a mãe da donzela: Fique ela conosco alguns dias, ao menos dez; e depois irá.
- Ele, porém, lhes respondeu: Não me detenhais, visto que Jeová tornou próspero o meu caminho; deixai-me ir para que eu vá ter com o meu senhor.
- E disseram: Chamaremos a donzela, e saberemos a sua vontade.
- Chamaram, pois, a Rebeca, e perguntaram-lhe: Queres ir com este homem? Respondeu ela: Irei.
- Então despediram a Rebeca, sua irmã, e a ama dela, e o servo de Abraão e seus homens.
- Abençoaram a Rebeca e disseram-lhe: Irmã nossa, sê tu a mãe de milhares de miríades, e possua a tua semente a porta dos que te aborrecem.
- Levantou-se Rebeca com suas moças e, montando nos camelos, seguiram o homem. O servo tomou a Rebeca e partiu.
- Ora Isaque tinha vindo do caminho de Beer-Lai-Roi; pois habitava na terra do Neguebe.
- Saíra Isaque a meditar no campo à tarde; levantando os olhos, viu, e eis que vinham camelos.
- Rebeca também levantou os olhos e, quando viu a Isaque, desceu do camelo.
- Perguntou ela ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? Respondeu o servo: É meu senhor. Ela tomou o seu véu e se cobriu.
- O servo relatou a Isaque tudo o que havia feito.
- Isaque trouxe a Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe, e tomou-a e ela lhe foi por mulher. Ele a amou: assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe.
- Abraão tomou outra mulher, que se chamava Quetura.
- Ela lhe deu à luz a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá.
- Jocsã gerou a Sebá e a Dedã. Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e Leumim.
- Os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Enoque, Abida e Elda. Todos estes foram os filhos de Quetura.
- Abraão deu a Isaque tudo quanto possuía.
- Porém deu dádivas aos filhos das concubinas que tinha; e ainda em vida os separou de seu filho Isaque, enviando-os ao Oriente, à terra oriental.
- Foram os dias da vida de Abraão cento e setenta e cinco anos.
- Abraão, exalando o seu espírito, morreu numa boa velhice, ancião e cheio de dias, e foi reunido ao seu povo.
- Sepultaram-no na cova de Macpela, no campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, que estava em frente de Manre,
- o campo que Abraão havia comprado aos filhos de Hete. Ali foi sepultado Abraão, e Sara, sua mulher.
- Depois da morte de Abraão abençoou Deus a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto a Beer-Lai-Roi.
- Estas são as gerações de Ismael, filho de Abraão, que Hagar, a egípcia, serva de Sara, lhe deu à luz;
- e estes são os nomes dos filhos de Ismael, pelos seus nomes, segundo as suas gerações: o primogênito de Ismael foi Nebaiote, depois Quedar, Abdeel, Mibsão,
- Misma, Dumá, Massá,
- Hadade, Tema, Jetur, Nafis e Quedemá.
- Estes são os filhos de Ismael, e estes são os seus nomes pelas suas vilas e pelos seus aduares: doze príncipes segundo as suas nações.
- Estes são os anos da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos; e exalando o seu espírito, foi reunido ao seu povo,
- desde Havilá até Sur que está em frente do Egito, como quem vai em direção da Assíria; Ismael estabeleceu-se diante de todos os seus irmãos.
- Estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão gerou a Isaque;
- e Isaque tinha quarenta anos, quando recebeu por mulher a Rebeca, filha de Betuel, o siro de Padã-Arã, irmão de Labão, o siro.
- Isaque orou instantemente a Jeová por sua mulher, porque ela era estéril; atendeu Jeová às orações de Isaque, e Rebeca, mulher de Isaque, concebeu.
- Os filhos lutavam no ventre dela; e ela disse: Se é assim, por que vivo eu? E foi consultar a Jeová.
- Respondeu-lhe Jeová: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço.
- Cumpridos que foram os dias para ela dar à luz, eis que gêmeos estavam no seu ventre.
- Saiu o primeiro, ruivo, todo ele como um vestido de pelo; e chamaram-lhe Esaú.
- Depois saiu seu irmão e agarrava com a mão o calcanhar de Esaú; pelo que foi chamado Jacó. Isaque tinha sessenta anos, quando Rebeca deu à luz.
- Cresceram os meninos: Esaú saiu perito caçador, homem do campo; e Jacó, homem simples, que habitava em tendas.
- Isaque amava a Esaú, porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó.
- Tendo Jacó feito um cozinhado, veio Esaú do campo, muito cansado,
- e disse-lhe: Deixa-me comer uma parte deste cozinhado vermelho, pois estou cansado. Por isso se chamou Edom.
- Respondeu Jacó: Vende-me hoje o teu direito de primogenitura.
- Replicou Esaú: Eis que estou para morrer; que me aproveitará o direito de primogenitura?
- Então disse Jacó: Jura-me primeiro. Jurou-lhe, e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó.
- Deu Jacó a Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu e bebeu e, levantando-se, foi seu caminho. Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.
- Sobreveio à terra uma fome, além da primeira que veio nos dias de Abraão. E foi Isaque a Gerar ter com Abimeleque, rei dos filisteus.
- Apareceu-lhe Jeová e disse: Não desças ao Egito. Habita na terra que eu te disser;
- peregrina nesta terra, e serei contigo e te abençoarei; pois a ti e à tua semente darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que fiz a teu pai Abraão.
- Multiplicarei a tua semente como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas terras. Por tua semente se abençoarão todas as nações da terra,
- porque Abraão escutou a minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis.
- Isaque, pois, habitou em Gerar.
- Os homens do lugar perguntaram-lhe acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha irmã; pois temeu dizer: Minha mulher; para que, dizia ele, não me matassem por amor de Rebeca, porque era ela formosa à vista.
- Ora tendo Isaque se demorado ali muito tempo, olhou Abimeleque, rei dos filisteus, pela janela, e viu e eis que Isaque estava brincando com sua mulher Rebeca.
- Chamou Abimeleque a Isaque e disse: Está visto que ela é tua mulher; como, pois, disseste: É minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu não morra por causa dela.
- Replicou Abimeleque: Que é isso que nos fizeste? Facilmente se teria deitado um do povo com tua mulher, e tu terias trazido culpa sobre nós.
- E deu esta ordem a todo o povo: Qualquer que tocar a este homem ou a sua mulher certamente morrerá.
- Semeou Isaque naquela terra e recolheu no mesmo ano cento por um; e Jeová o abençoou.
- Engrandeceu-se o homem e ia-se crescendo mais e mais nos bens, até que se tornou muito grande;
- tinha possessões de rebanhos e possessões de gados, e era grande o número de seus servos. Os filisteus tinham-lhe inveja.
- Ora todos os poços que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de Abraão, seu pai, os filisteus haviam atulhado e enchido de terra.
- Disse Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós, porque tu és mais poderoso do que nós.
- Partindo, pois, Isaque dali, acampou no vale de Gerar, e lá habitou.
- Isaque tornou a cavar os poços de água, que haviam sido cavados nos dias de Abraão, seu pai, (porque os filisteus os entulharam depois da morte de Abraão) e deu-lhes os mesmos nomes que seu pai lhes dera.
- Cavaram os escravos de Isaque no vale, e ali acharam um poço de águas vivas.
- Os pastores de Gerar contenderam com os pastores de Isaque, dizendo: A água é nossa. Ele chamou ao poço Eseque, porque contenderam com ele.
- Cavaram outro poço, pelo qual também contenderam: e chamou-lhe Sitna.
- Partindo dali, cavou ainda outro poço; por este não contenderam e, chamando-lhe Reobote, disse: Pois agora Jeová nos deu lugar, e medraremos na terra.
- Subiu dali para Berseba.
- Apareceu-lhe Jeová na mesma noite e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo, e te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por causa do meu servo Abraão.
- Tendo edificado ali um altar, invocou o nome de Jeová e ali armou a sua tenda; e os servos de Isaque cavaram ali um poço.
- De Gerar foram ter com ele Abimeleque e seu amigo Ausate, e Ficol, general de seu exército.
- Disse-lhes Isaque: Por que vindes ter comigo, visto que vós me aborreceis, e me repelistes de vós?
- Responderam eles: Vimos bem que Jeová era contigo, e dissemos: Haja um juramento entre ti e nós, e façamos uma aliança contigo.
- Jura que não nos farás mal algum, assim como não te havemos tocado, e te fizemos somente o bem, e te deixamos ir em paz. Tu és agora o bendito de Jeová.
- Deu-lhes Isaque um banquete, e comeram e beberam.
- Levantando-se de manhã cedo, juraram de parte a parte; Isaque os despediu, e separaram-se dele em paz.
- No mesmo dia vieram os servos de Isaque e, dando-lhe notícias acerca do poço que havia cavado, disseram-lhe: Achamos água.
- Chamou ao poço Seba; por isso é o nome da cidade Berseba até o dia de hoje.
- Tendo Esaú quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri, heteu, e a Basemate, filha de Elom, o heteu.
- Elas foram uma amargura para o espírito de Isaque e de Rebeca.
- Quando Isaque já estava velho, e os olhos se lhe enfraqueciam, de modo que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Filho meu. Respondeu ele: Eis-me aqui.
- Disse-lhe o pai: Eis que estou velho e não sei o dia da minha morte.
- Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, sai ao campo, e apanha para mim uma caça.
- Faze-me um manjar saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma, a fim de que a minha alma te abençoe antes que eu morra.
- Rebeca estava escutando quando Isaque falou a Esaú, seu filho. Esaú foi ao campo para apanhar caça e trazê-la.
- Disse Rebeca a Jacó, seu filho: Ouvi a teu pai falar com Esaú, teu irmão, dizendo:
- Traze-me caça e faze-me um manjar saboroso, para que eu coma e te abençoe diante de Jeová, antes que eu morra.
- Agora, pois, meu filho, escuta a minha voz naquilo em que eu te mando.
- Vai ao rebanho, e traze-me de lá das cabras dois bons cabritos. Deles farei um manjar saboroso para teu pai, como ele gosta:
- levá-lo-ás a teu pai, para que o coma, a fim de te abençoar antes que ele morra.
- Respondeu Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é homem peloso, e eu sou liso.
- Porventura meu pai me apalpará, e serei aos seus olhos como mofador; e trarei sobre mim uma maldição e não uma bênção.
- Respondeu-lhe sua mãe: Sobre mim caia a tua maldição, filho meu; somente escuta a minha voz e vai trazer-mos.
- Foi ele, tomou-os e os trouxe a sua mãe, que fez um manjar saboroso, como seu pai gostava.
- Ela tomou os melhores vestidos de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho mais moço;
- com as peles dos cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço,
- e pôs na mão de seu filho Jacó o manjar saboroso e o pão que havia preparado.
- Jacó foi a seu pai e disse: Meu pai! Ele respondeu: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?
- Disse Jacó a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; fiz como me ordenaste; levanta-te, pois, senta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.
- Perguntou Isaque a seu filho: Como é que achaste tão depressa, meu filho? Respondeu ele: Porque Jeová, teu Deus, a mandou ao meu encontro.
- Então disse Isaque a Jacó: Chega-te, pois, para que eu te apalpe, meu filho, e veja se tu és meu filho Esaú ou não.
- Chegou-se Jacó a seu pai Isaque, que o apalpou e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.
- Não o reconheceu, porque as suas mãos estavam pelosas como as mãos de seu irmão Esaú; assim o abençoou.
- Mas perguntou: És tu meu filho Esaú? Respondeu ele: Eu o sou.
- Disse pois: Traze-mo, e comerei da caça de meu filho, para que a minha alma te abençoe. Trouxe-lho, e ele comeu; também trouxe vinho, e ele bebeu.
- Então lhe disse Isaque, seu pai: Chega-te e dá-me um beijo, meu filho.
- Chegou-se e deu-lhe um beijo. Sentindo seu pai o cheiro dos vestidos dele, o abençoou e disse: Eis que o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo que Jeová abençoou;
- que Deus te dê do orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de mosto.
- Sirvam-te povos, e nações te reverenciem: sê senhor de teus irmãos, e te reverenciem os filhos de tua mãe. Malditos sejam aqueles que te maldisserem, e benditos sejam aqueles que te bendisserem.
- Logo que Isaque acabou de abençoar a Jacó, apenas havia este saído da presença de Isaque seu pai, chegou da sua caçada Esaú, seu irmão.
- Ele também preparou um manjar saboroso e, trazendo-o a seu pai, disse-lhe: Levanta-te, meu pai e come da caça do teu filho para que a tua alma me abençoe.
- Perguntou-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? Respondeu ele: Eu sou teu filho, teu primogênito, Esaú.
- Então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande, e perguntou: Quem, pois, é aquele que apanhou caça e ma trouxe? Eu comi de tudo antes que viesses, abençoei-o e ele será bendito.
- Ao ouvir Esaú as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, dizendo a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai!
- Respondeu seu pai: Veio teu irmão e tirou a tua bênção.
- Disse Esaú: Não se chama ele com razão Jacó? Pois já duas vezes me enganou: tirou-me o direito da primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção. E perguntou: Não tens reservado uma bênção para mim?
- Respondeu Isaque a Esaú: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e lhe tenho dado todos os seus irmãos por servos; de trigo e de mosto o tenho fortalecido: que, pois, farei por ti, meu filho?
- Replicou Esaú a seu pai: Porventura tens uma única bênção, meu pai? Abençoa-me, meu pai, também a mim. Levantou Esaú a voz e chorou.
- Respondeu-lhe seu pai Isaque: Longe dos lugares férteis da terra será a tua habitação, e sem o orvalho que cai do alto;
- pela tua espada viverás, e a teu irmão servirás; quando te tornares impaciente, sacudirás o seu jugo de sobre a tua cerviz.
- Esaú aborrecia a Jacó por causa da bênção com que seu pai o abençoou; e disse consigo: Vêm chegando os dias de luto por meu pai; então matarei a Jacó, meu irmão.
- As palavras de Esaú, seu filho mais velho, foram denunciadas a Rebeca, que mandou chamar a Jacó, seu filho mais moço, e lhe disse: Eis que Esaú, teu irmão, se consola a teu respeito, propondo matar-te.
- Agora, meu filho, escuta a minha voz. Retira-te para a casa de Labão, meu irmão, em Harã,
- e demora-te com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão,
- até que passe de ti a ira de teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste. Então enviarei e te trarei de lá: por que seria eu desfilhada de ambos vós num só dia?
- Disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas da terra, de que me servirá a vida?
- Isaque, pois, chamou a Jacó, deu-lhe a sua bênção, e ordenou-lhe, dizendo: Não tomarás mulher dentre as filhas de Canaã.
- Levanta-te, vai a Padã-Arã, a casa de Betuel, pai de tua mãe; e toma de lá uma mulher das filhas de Labão, irmão de tua mãe.
- Deus Todo-poderoso te abençoe, te faça frutificar e te multiplique, para que venhas a ser uma multidão de povos;
- e te dê a bênção de Abraão, a ti, e à tua posteridade contigo, para que herdes a terra das tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.
- Despediu Isaque a Jacó, que foi a Padã-Arã, à casa de Labão, filho de Betuel, o arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.
- Vendo que Isaque tinha abençoado a Jacó e o tinha enviado a Padã-Arã, para tomar de lá mulher para si; vendo que, abençoando-o, lhe havia ordenado: Não tomarás mulher dentre as filhas de Canaã,
- e que Jacó, obedecendo a seu pai e a sua mãe, fora a Padã-Arã:
- vendo também que as filhas de Canaã eram más aos olhos de Isaque, seu pai;
- Esaú foi à casa de Ismael e, além das mulheres que já tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão, irmã de Nebaiote.
- Jacó partiu de Berseba e foi para Harã.
- Tendo chegado a um certo lugar, ali passou a noite, porque o sol já se havia posto; tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo de sua cabeça, deitou-se naquele lugar para dormir.
- Sonhou, e eis posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; os anjos de Deus subiam e desciam por ela.
- Perto dele estava Jeová, que disse: Eu sou Jeová, Deus de teu pai Abraão, e Deus de Isaque. A terra em que estás deitado ta darei a ti e à tua posteridade;
- a tua posteridade será como o pó da terra, e te dilatarás para o Ocidente, e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Por ti e por tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.
- Eis que estou contigo e te guardarei por onde quer que fores e te reconduzirei para esta terra; porque não te abandonarei até ter eu cumprido aquilo de que te hei falado.
- Despertado Jacó do seu sono, disse: Na verdade Jeová está neste lugar; e eu não o sabia.
- E, temendo, disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus, é também a porta do céu.
- Tendo-se Jacó levantado cedo de manhã, tomou a pedra que pusera debaixo de cabeça, pô-la por coluna e sobre o topo dela derramou azeite.
- Chamou àquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz.
- Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar neste caminho que eu vou seguindo, e me der pão para comer e vestidos para me cobrir,
- de maneira que eu volte em paz à casa de meu pai, e Jeová for meu Deus,
- então essa pedra, que tenho posto por coluna, será a casa de Deus; e de tudo quanto me deres certamente te darei o dízimo.
- Jacó pôs-se a caminho e chegou à terra dos filhos do Oriente.
- Olhou, e eis um poço no campo, e três rebanhos de ovelhas deitadas junto dele; pois desse poço é que se dava de beber aos rebanhos. Era grande a pedra que tapava a boca do poço.
- Ali se ajuntavam todos os rebanhos; e removiam os pastores a pedra da boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a pôr a pedra no seu lugar sobre a boca do poço.
- Perguntou-lhes Jacó: Irmãos meus, donde sois? Responderam eles: Somos de Harã.
- Perguntou-lhes: Conheceis a Labão, filho de Naor? Responderam: Conhecemos.
- Está ele bom? continuou Jacó. Responderam: Está bom, eis que Raquel, sua filha vem vindo com as ovelhas.
- Disse-lhes: É ainda muito dia, nem é tempo de se ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide apascentá-las.
- Não o podemos, responderam eles, até que se ajuntem todos os rebanhos, e seja removida a pedra da boca do poço; então damos de beber às ovelhas.
- Estando Jacó ainda falando com eles, veio Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela as apascentava.
- Quando Jacó viu a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, chegou-se, removeu a pedra da boca do poço e deu de beber ao rebanho de Labão, irmão de sua mãe.
- Então Jacó beijou a Raquel e, levantando a voz, chorou.
- Jacó contou a Raquel que ele era irmão de seu pai e que era filho de Rebeca; e ela, correndo, foi noticiá-lo a seu pai.
- Tendo Labão ouvido as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e beijou-o e levou-o a sua casa. Relatou Jacó a Labão todas estas coisas.
- Disse-lhe Labão: Verdadeiramente tu és meu osso e minha carne. E Jacó ficou com ele por espaço de um mês.
- Depois perguntou Labão a Jacó: Acaso porque és meu irmão, deves, portanto, servir-me de graça? Dize-me, que será o teu salário?
- Ora Labão tinha duas filhas: o nome da mais velha era Lia, e o da mais moça Raquel.
- Lia tinha os olhos tenros, mas Raquel era formosa de porte e de semblante.
- E Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te servirei por ter a Raquel, tua filha mais moça.
- Respondeu-lhe Labão: Melhor é que eu a dê a ti que a outro homem; fica comigo.
- Assim serviu Jacó sete anos por amor a Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, por causa do amor que lhe votava.
- Jacó disse a Labão: Dá-me minha mulher, pois os meus dias já se completaram, para que eu esteja com ela.
- Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar, e fez um banquete.
- À tarde tomou a Lia, sua filha, e trouxe-a a Jacó, que esteve com ela.
- (Labão deu sua serva Zilpa por serva a Lia, sua filha).
- Quando amanheceu, eis que era Lia; e perguntou Jacó a Labão: Que é isso que me fizeste? Porventura não te servi eu por amor de Raquel? Por que, então, me enganaste?
- Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, que se dê a mais moça antes da primogênita.
- Acabada a semana desta, depois te daremos também a outra pelo trabalho de outros sete anos que ainda me servirás.
- Assim fez Jacó e cumpriu a semana desta; Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha.
- (Labão deu por serva a Raquel, sua filha, a sua serva Bila).
- Jacó conheceu também a Raquel, e amava mais a Raquel do que a Lia; e serviu com Labão ainda outros sete anos.
- Vendo Jeová que Lia era desprezada, fê-la fecunda; Raquel, porém, era estéril.
- Concebeu Lia, e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse: Porque Jeová atendeu à minha aflição; por isso agora me amará meu marido.
- Tendo concebido outra vez, deu à luz um filho; e disse: Porquanto soube Jeová que eu era desprezada, portanto me deu também este filho: e chamou-lhe Simeão.
- Concebeu ainda outra vez e deu à luz um filho; e disse: Agora esta vez se unirá meu marido a mim, porque lhe tenho dado três filhos; portanto lhe chamou Levi.
- De novo concebeu, e deu à luz um filho; e disse: Esta vez louvarei a Jeová. Portanto lhe chamou Judá; e cessou de dar à luz.
- Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja da sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, ou senão morro.
- Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel, e perguntou: Acaso estou eu em lugar de Deus, que te há negado o fruto do ventre?
- Respondeu ela: Eis a minha serva Bila, recebe-a por mulher; para que ela dê à luz sobre os meus joelhos, e eu também seja dela edificada.
- Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher, e Jacó esteve com ela.
- Concebeu Bila e deu à luz um filho a Jacó.
- Então disse Raquel: Julgou-me Deus e também ouviu a minha voz e deu-me um filho; portanto lhe chamou Dã.
- Concebeu outra vez Bila, serva de Raquel, e deu à luz um segundo filho a Jacó.
- Disse Raquel: Com grandes lutas tenho lutado com minha irmã, e tenho prevalecido; e chamou-lhe Naftali.
- Vendo Lia que ela tinha cessado de ter filhos, tomou a Zilpa, sua serva e deu-a a Jacó por mulher.
- Zilpa, serva de Lia, deu a Jacó um filho.
- Disse Lia: Afortunada! E chamou-lhe Gade.
- Depois Zilpa, serva de Lia, deu a Jacó um segundo filho.
- Então disse Lia: Feliz sou eu! Pois as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser.
- Foi Rúben nos dias da ceifa do trigo e achou mandrágoras no campo, e trouxe-as a Lia, sua mãe. Então disse Raquel a Lia: Dá-me das mandrágoras de teu filho.
- Respondeu-lhe Lia: Porventura é pouca coisa teres-me tirado meu marido? Queres tirar também as mandrágoras de meu filho? Prosseguiu Raquel: Portanto ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.
- Vindo Jacó do campo à tarde, saiu-lhe Lia ao encontro e disse: Hás de dormir comigo, porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E com ela deitou-se Jacó aquela noite.
- Ouviu Deus a Lia, e ela concebeu e deu a Jacó um quinto filho.
- Então disse Lia: Deus deu-me o meu pago, porque dei a minha serva a meu marido; e chamou-lhe Issacar.
- Concebendo Lia outra vez, deu a Jacó um sexto filho.
- E disse: Deus tem-me dado um bom dote; desta vez morará comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis filhos: e chamou-lhe Zebulom.
- Depois disto deu à luz uma filha, e chamou-lhe Diná.
- Lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e fê-la fecunda.
- Ela concebeu, deu à luz um filho e disse: Tirou-me Deus o opróbrio;
- e chamou-lhe José, dizendo: Dê-me Jeová ainda outro filho.
- Tendo Raquel dado à luz a José, disse Jacó a Labão: Despede-me para que eu vá ao meu lugar e à minha terra.
- Dá-me minhas mulheres e meus filhos, pelos quais te hei servido, e deixa-me ir; pois tu sabes o meu serviço, com que te hei servido.
- Respondeu-lhe Labão: Se tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho alcançado por experiência que Deus me abençoou por amor de ti.
- Prosseguiu: Determina-me o teu salário, que to darei.
- Respondeu-lhe Jacó: Tu sabes como te hei servido, e como tem passado o teu gado comigo.
- Porque era pouca coisa que tinhas antes da minha vinda, e tem-se multiplicado em multidão; Jeová te há abençoado por onde quer que eu fui. Agora, pois, quando farei eu provisão também para minha casa?
- Perguntou-lhe Labão: Que te darei? Respondeu-lhe Jacó: Não me darás nada; se me fizeres isto tornarei a apascentar o teu rebanho e guardá-lo.
- Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele os salpicados e malhados, e todos os que são negros entre as ovelhas e todos os malhados e salpicados entre as cabras; e isso será o meu salário.
- Assim responderá por mim a minha justiça, no dia de amanhã, quando vieres ver o meu salário, que está diante de ti; todo o que não for salpicado e malhado entre as cabras e negro entre as ovelhas, esse, se for achado comigo, será tido por furtado.
- Disse Labão: Oxalá que seja conforme a tua palavra.
- Ele separou naquele mesmo dia os bodes listrados e malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, todos que tinham algum branco e todos os negros entre as ovelhas, e os entregou às mãos de seus filhos;
- pôs o espaço de três dias de jornada entre si e Jacó, e Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão.
- Jacó tomou umas varas verdes de álamo, de aveleira e de plátano; e descascando-as em riscas brancas, fez aparecer o branco que nelas havia.
- As varas que descascara pôs em frente dos rebanhos no fundo dos tanques de água aonde vinham a beber, e conceberam quando vinham a beber.
- Os rebanhos concebiam diante das varas, e pariam listrados, salpicados e malhados.
- Separou Jacó os cordeiros, e fez os rebanhos olhar para os listrados e para os negros do rebanho de Labão; pôs o seu rebanho à parte, e não o ajuntou ao rebanho de Labão.
- Todas as vezes que concebiam as ovelhas fortes, punha Jacó as varas diante dos olhos do rebanho no fundo dos tanques para que concebessem entre as varas;
- mas, quando o rebanho era fraco, não as punha: assim as fracas eram de Labão, e as fortes de Jacó.
- O homem aumentou sobremaneira as suas posses e teve grandes rebanhos, servos, servas, camelos e jumentos.
- Jacó, entretanto, ouviu as palavras dos filhos de Labão, que diziam: Levou Jacó tudo o que era de nosso pai; e do que era de nosso pai adquiriu ele todas estas riquezas.
- Viu Jacó o rosto de Labão, e eis que lhes não era favorável como dantes.
- Disse também Jeová a Jacó: Volta para a terra de teus pais e para a tua parentela; e eu serei contigo.
- Jacó mandou chamar a Raquel e a Lia para o campo, para o seu rebanho,
- e lhes disse: Eu estou vendo que o rosto de vosso pai não me é favorável como dantes; porém o Deus de meu pai tem estado comigo.
- Vós mesmas sabeis que com todas as minhas forças tenho servido a vosso pai.
- Mas vosso pai me tem enganado e mudado dez vezes o meu salário; porém Deus não lhe permitiu que me fizesse dano algum.
- Se ele dizia assim: Os salpicados serão o teu salário, paria salpicados o rebanho todo; e se ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, paria listrados o rebanho todo.
- De sorte que Deus tem tirado o gado de vosso pai e mo tem dado a mim.
- Pois sucedeu que, ao tempo em que o rebanho concebia, levantei os olhos e vi em sonhos que os bodes que cobriam o rebanho eram listrados, salpicados e malhados.
- Disse-me o anjo de Deus no sonho: Jacó. Eu respondi: Eis-me aqui.
- Prosseguiu o anjo: Levanta os olhos e vê que todos os bodes que cobrem o rebanho, são listrados, salpicados e malhados; pois tenho visto tudo o que Labão te está fazendo.
- Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te, pois, sai-te desta terra e volta para a terra de tua parentela.
- Responderam-lhe Raquel e Lia: Há ainda para nós parte ou herança na casa de nosso pai?
- Não somos tidas por ele como estrangeiras? Pois nos vendeu, e também consumiu por inteiro o nosso preço.
- Porque todas as riquezas que Deus tirou de nosso pai são nossas e de nossos filhos; agora, pois, faze tudo o que Deus te mandou.
- Levantou-se Jacó e fez montar sobre os camelos a seus filhos e a suas mulheres;
- e levou todo o seu gado e toda a sua fazenda que havia adquirido, o gado que possuía, que havia adquirido em Padã-Arã, para ir ter com Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
- Labão tinha ido tosquiar as suas ovelhas, e Raquel furtou os terafins que pertenciam a seu pai.
- Jacó iludiu a Labão, o arameu, porque não lhe fez saber que fugia.
- Assim fugiu com tudo o que era seu; levantando-se, passou o Rio, e pôs o seu rosto para a montanha de Gileade.
- Foi Labão avisado ao terceiro dia que Jacó havia fugido.
- Então, tendo tomado consigo seus irmãos, seguiu atrás de Jacó jornada de sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade;
- Veio Deus a Labão, o arameu, em sonhos de noite, e disse-lhe: Guarda-te que não fales com Jacó nem bem nem mal.
- Alcançou, pois, Labão a Jacó. Ora este tinha armado a sua tenda no monte; e armou Labão com seus irmãos a sua na montanha de Gileade.
- Disse Labão a Jacó: Que fizeste, que me iludiste e levaste minhas filhas como cativas da espada?
- Por que razão fugiste ocultamente, me iludiste e não me fizeste saber, para que eu te despedisse com alegria e com cânticos, ao som de tambores e de harpas?
- Por que não me deixaste beijar a meus filhos e a minhas filhas? Agora te portaste como um néscio.
- Está no poder da minha mão fazer-vos o mal; porém o Deus de vosso pai falou-me ontem à noite, dizendo: Guarda-te que não fales com Jacó nem bem nem mal.
- Agora que partiste, porquanto tiveste saudades da casa de teu pai, por que me furtaste os meus deuses?
- Respondeu-lhe Jacó: Porque tive medo; pois disse: Para que não suceda que me tires por força tuas filhas.
- Não viverá aquele com quem achares os teus deuses; na presença de nossos irmãos vê o que é teu do que está comigo e leva-o contigo. Pois Jacó não sabia que Raquel os tinha furtado.
- Labão entrou na tenda de Jacó, de Lia e das duas escravas, porém não as achou. Tendo saído da tenda de Lia, entrou na de Raquel.
- Ora Raquel tinha tomado os terafins e os havia metido na albarda do camelo, e se assentara em cima deles. Apalpou Labão toda a tenda, porém não os achou.
- Então ela disse a seu pai: Não te agastes, meu senhor, por eu não me poder levantar na tua presença; pois me acho com a indisposição das mulheres. E ele procurou, contudo não achou os terafins.
- Então se irou Jacó e altercou com Labão; e disse-lhe: Qual é a minha transgressão? Qual é o meu pecado, que tão furiosamente me tens perseguido?
- Havendo apalpado todos os meus móveis, que achaste de todos os móveis de tua casa? Põe-nos aqui diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que sejam eles juízes entre ambos nós.
- Estes vinte anos eu estive contigo; as tuas ovelhas e as tuas cabras não perderam as crias, e não comi os carneiros do teu rebanho.
- Não te trouxe eu o que havia sido despedaçado; eu sofri o dano: da minha mão o requerias, quer fosse furtado de dia quer de noite.
- Assim andava eu; de dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o sono me fugia dos olhos.
- Tenho estado agora vinte e um anos em tua casa; quatorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis por teu rebanho; dez vezes me mudaste o salário.
- Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, não tivesse estado por mim, certamente tu me terias mandado embora sem coisa nenhuma. Deus viu a minha aflição e o trabalho das minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite.
- Respondeu-lhe Labão: As filhas são minhas filhas, os filhos são meus filhos, os rebanhos são meus rebanhos e tudo o que vês é meu; e que posso fazer hoje a estas minhas filhas ou aos filhos que elas deram à luz?
- Vem tu, pois, e façamos uma aliança, eu e tu; e que ela sirva de testemunha entre mim e ti.
- Tomou Jacó uma pedra, e a levantou por coluna.
- E disse a seus irmãos: Ajuntai pedras. Tomaram pedras e delas fizeram um montão: ali comeram ao lado do montão.
- Chamou-lhe Labão Jegar-Saaduta, mas Jacó chamou-lhe Galeede.
- Disse Labão: Este montão é testemunha entre mim e ti. Por isso se lhe chamava Galeede;
- e Mispa, pois disse: Vigie Jeová entre mim e ti, quando estivermos apartados um do outro.
- Se tu maltratares a minhas filhas, e tomares outras mulheres além de minhas filhas, não estando ninguém conosco: atenta que Deus é testemunha entre mim e ti.
- Disse mais Labão a Jacó: Eis este montão, e esta coluna, que levantei entre mim e ti.
- Seja este montão testemunha, e seja esta coluna testemunha de que eu para mal não passarei este montão a ti, e que tu não passarás este montão e esta coluna a mim.
- O Deus de Abraão, e o Deus de Naor, o Deus do pai deles, seja juiz entre nós. Jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque.
- Depois ofereceu Jacó um sacrifício na montanha, e convidou a seus irmãos para comerem pão; comeram pão e passaram a noite na montanha.
- Tendo-se levantado Labão de manhã cedo, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo, voltou para o seu lugar.
- Jacó também seguiu o seu caminho, e encontraram-no os anjos de Deus.
- Quando os viu, disse: Este é o arraial de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim.
- Então enviando mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, ao campo de Edom,
- ordenou-lhes: Assim falareis a meu senhor Esaú: Teu servo Jacó manda dizer isto: Com Labão morei como peregrino, e com ele fiquei até agora.
- Tenho bois, jumentos, rebanhos, servos e servas; e mando comunicar isso a meu senhor, a fim de achar eu graça aos seus olhos.
- Voltaram os mensageiros a Jacó, dizendo: Fomos ter com teu irmão Esaú, e também está ele em caminho para se encontrar contigo, e quatrocentos homens com ele.
- Jacó teve muito medo, e perturbou-se; dividiu em dois bandos o povo que estava com ele, e os rebanhos, e os bois e os camelos;
- e disse: Se vier Esaú a um bando e o ferir, o outro bando que resta escapará.
- Prosseguiu Jacó: Deus de meu pai Abraão, e Deus de meu pai Isaque, Jeová, que me disseste: Volta para a tua terra, e para a tua parentela, e eu te farei o bem;
- Não sou digno de todas as misericórdias e da fidelidade, que tens usado para com o teu servo; porque, levando o meu báculo, passei este Jordão, e agora torno-me em dois bandos.
- Livra-me da mão de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me, a mãe com os filhos.
- Pois tu disseste: Certamente te farei o bem, e farei a tua descendência como a areia do mar que pela multidão não se pode contar.
- Passou ali aquela noite, e tomou do que tinha um presente para seu irmão Esaú:
- duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros,
- trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos.
- Entregou-os às mãos de seus servos, cada manada à parte, e disse a seus servos: Passai adiante de mim, e ponde espaço entre manada e manada.
- Ordenou também ao primeiro: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem és? e: Para onde vais? e: De quem são estes diante de ti?
- então responderás: São de teu servo Jacó; é presente que ele envia a meu senhor Esaú; e eis que ele mesmo vem atrás de nós.
- Ordenou também ao segundo, ao terceiro e a todos os que iam atrás dos rebanhos: Desta maneira falareis a Esaú, quando o encontrardes;
- direis: Eis que o teu servo Jacó também vem atrás de nós. Pois disse: Aplacá-lo-ei com o presente que vai adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura me aceitará.
- Assim passou o presente adiante dele; ele, porém, ficou aquela noite no arraial.
- Naquela noite levantou-se, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e passou o vau de Jaboque.
- Tomou-os e fê-los passar o ribeiro, e fez passar tudo o que tinha.
- Jacó ficou só; e lutava com ele um homem até o romper do dia.
- Quando este viu que não podia com ele, tocou-lhe a juntura da coxa; e deslocou-se a juntura da coxa de Jacó, enquanto lutava com o homem.
- Disse este: Deixa-me ir, porque vem rompendo o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir, se me não abençoares.
- Perguntou-lhe, pois: Qual é o teu nome? Respondeu: Jacó.
- Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; porque tens perseverado com Deus e com os homens, e prevaleceste.
- Jacó perguntou-lhe: Dize-me o teu nome. Respondeu ele: Por que é que perguntas pelo meu nome? E ali o abençoou.
- Chamou Jacó ao lugar Peniel, pois disse: Tenho visto a Deus face a face, e a minha vida foi preservada.
- Nasceu-lhe o sol, quando ele passava a Peniel, e manquejava da sua coxa.
- Por isso os filhos de Israel não comem até o dia de hoje o nervo do quadril, que está sobre a juntura da coxa, porque o homem tocou a juntura da coxa de Jacó no nervo do quadril.
- Levantando Jacó os olhos, olhou e eis que vinha Esaú e com ele quatrocentos homens. Repartiu, pois, os filhos entre Lia, Raquel e as duas servas.
- Pôs as servas e seus filhos na frente, a Lia e a seus filhos atrás destes, e a Raquel e a José por últimos.
- Ele mesmo passou adiante deles, e prostrou-se sete vezes, até chegar perto de seu irmão.
- Correu-lhe Esaú ao encontro, deu-lhe um abraço, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e eles choraram.
- Levantando os olhos, viu as mulheres e meninos; e perguntou: Quem são estes? Respondeu-lhe Jacó: Os meninos que Deus na sua bondade deu a teu servo.
- Então se chegaram as servas, elas e seus filhos, e prostraram-se em terra.
- Chegaram-se também Lia e seus filhos e prostraram-se; depois chegaram-se José e Raquel, e prostraram-se.
- Perguntou Esaú: Qual é a tua intenção em todos estes bandos que encontrei? Respondeu Jacó: Para achar graça diante do meu senhor.
- Mas Esaú disse: Tenho bastante, meu irmão; fica com o que tens.
- Replicou-lhe Jacó: Não recuses; se agora achei graça diante de ti, recebe o presente da minha mão; porque vi o teu rosto, como quem vê o rosto de Deus; e tu te agradaste de mim.
- Recebe o meu presente que eu te trouxe; porque Deus tem sido bondoso para comigo, e porque tenho bastante. Insistiu com ele, e ele o recebeu.
- Então Esaú disse: Ponhamo-nos a caminho e vamo-nos, eu irei adiante de ti.
- Respondeu-lhe Jacó: Meu senhor sabe que os meninos são tenros, e que tenho de cuidar das ovelhas e das vacas que têm crias; se forem obrigadas a caminhar demais um só dia, morrerão todos os rebanhos.
- Passe meu senhor adiante de seu servo; eu seguirei, guiando-as mansamente, conforme o passo do gado que está adiante de mim, e conforme o passo dos meninos, até chegar à casa de meu senhor em Seir.
- Respondeu Esaú: Permite que eu deixe contigo da gente que está comigo. Disse Jacó: Para quê? Que ache eu graça aos olhos de meu senhor.
- Assim voltou Esaú aquele dia seu caminho para Seir.
- Jacó partiu para Sucote, e edificou para si uma casa, e fez barracas para o seu gado; por isso o lugar se chama Sucote.
- Chegou Jacó são e salvo à cidade de Siquém, que está na terra de Canaã, quando voltou de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade.
- A parte do campo, em que armara a sua tenda, comprou-a ele dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro.
- Levantou ali um altar, e chamou-lhe El-Elohe-Israel.
- Diná, filha de Lia, a quem esta deu à luz a Jacó, saiu para ver as filhas da terra.
- Viu-a Siquém, filho de Hamor, o heveu, príncipe daquela terra; e tomando-a, deitou-se com ela e humilhou-a.
- Apegou-se a sua alma a Diná, filha de Jacó, e amou a donzela e falou-lhe carinhosamente.
- Então disse Siquém a seu pai Hamor: Consegue-me esta donzela por mulher.
- Ora Jacó soube que Siquém tinha contaminado a Diná, sua filha. Estavam seus filhos no campo com o gado; calou-se, pois, até que voltassem.
- Hamor, pai de Siquém, saiu a fim de falar com Jacó.
- Os filhos de Jacó vieram do campo, logo que o souberam; entristeceram-se e iraram-se muito porque Siquém havia cometido uma insensatez em Israel, deitando-se com a filha de Jacó, coisa que não se devia fazer.
- Disse-lhes Hamor: A alma de meu filho Siquém afeiçoou-se fortemente a vossa filha; rogo-vos que lha deis por mulher.
- Aparentai-vos conosco; dai-nos vossas filhas e recebei as nossas.
- Habitareis conosco, a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e nela tende possessões.
- Siquém também disse ao pai e aos irmãos dela: Ache eu graça aos vossos olhos, e dar-vos-ei o que me disserdes.
- Aumentai muito o dote e as dádivas, e darei tudo o que me disserdes; dai-me somente esta donzela por mulher.
- Então os filhos de Jacó, porque Siquém havia contaminado a sua irmã Diná, responderam com dolo a Siquém e a seu pai Hamor,
- e lhes disseram: Não podemos fazer isto, dar nossa irmã a um homem incircunciso; porque isso seria uma vergonha para nós.
- Sob uma única condição consentiremos; se vos tornardes como nós, circuncidando-se todo o macho entre vós,
- então vos daremos nossas filhas a vós, receberemos vossas filhas para nós, e habitaremos convosco e seremos um só povo.
- Porém, se não nos ouvirdes para serdes circuncidados, então levaremos nossa filha e nos iremos embora.
- Suas palavras agradaram a Hamor e a Siquém, seu filho.
- Não tardou o mancebo em fazer isto, porque se agradava da filha de Jacó: e era o mais honrado de toda a casa de seu pai.
- Vieram Hamor e seu filho Siquém à porta da sua cidade, e disseram aos homens da cidade:
- Estes homens são para conosco pacíficos, portanto habitem na terra e negociem nela. A terra é bastante larga para contê-los; recebamos por mulheres suas filhas e demos-lhes as nossas.
- Sob uma única condição consentirão os homens em habitar conosco, tornando-se um só povo se todo o homem entre nós for circuncidado, como eles o são.
- O seu gado, as suas possessões e todos os seus animais não serão nossos? Somente consintamos com eles nisto, e habitarão conosco.
- Escutaram a Hamor e a seu filho Siquém todos os que saíam da porta da sua cidade; e foi circuncidado todo o homem, todos os que saíam da porta da sua cidade.
- Ao terceiro dia quando os homens estavam sentindo dores, dois filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a sua espada, foram à cidade que se achava em segurança, e mataram a todos os homens.
- Mataram também ao fio da espada a Hamor e a Siquém, seu filho, e, tirando a Diná da casa de Siquém, saíram.
- Os filhos de Jacó vieram aos mortos e saquearam a cidade, porque havia sido contaminada a sua irmã.
- Levaram-lhes os rebanhos, os bois, os jumentos e o que havia na cidade e no campo;
- todos os seus bens, e todos os seus pequeninos e suas mulheres levaram cativos, e despojaram-nos, sim levaram tudo o que havia nas casas.
- Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me perturbado, fazendo-me odioso aos habitantes da terra, entre os cananeus e perezeus. Tendo eu pouca gente, reunir-se-ão e me ferirão a mim; e serei destruído, eu e minha casa.
- Responderam: Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta?
- Disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus, que te apareceu quando fugiste da face de Esaú, teu irmão.
- Então disse Jacó a sua família e a todos os que estavam com ele: Lançai fora os deuses estrangeiros que estão no meio de vós, purificai-vos e mudai os vossos vestidos;
- levantemo-nos e subamos a Betel. Ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia e esteve comigo no caminho em que andei.
- Deram, pois, a Jacó todos os deuses estrangeiros que possuíam, e as arrecadas que pendiam das suas orelhas; Jacó escondeu-os debaixo do terebinto que está junto a Siquém.
- Então partiram; veio o terror de Deus sobre as cidades que lhes eram circunvizinhas, e não perseguiram os filhos de Jacó.
- Assim chegou Jacó a Luz, que está na terra de Canaã (esta é Betel), ele e todo o povo que estava com ele.
- Edificou ali um altar e chamou ao lugar El-Betel; porque ali Deus se lhe revelou, quando fugiu da face de seu irmão.
- Débora, ama de Rebeca, foi sepultada ao pé de Betel debaixo do carvalho, que se chamava Alom-Bacute.
- Apareceu Deus a Jacó outra vez, quando voltou de Padã-Arã, e o abençoou.
- Disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó. Não te chamarás mais Jacó, porém o teu nome será Israel. E chamou-lhe Israel.
- Disse-lhe mais: Eu sou Deus Todo-poderoso; frutifica e multiplica-te. Uma nação e uma multidão de nações sairão de ti, e reis procederão dos teus lombos.
- A terra que dei a Abraão e a Isaque, a ti a darei; também à tua descendência depois de ti darei a terra.
- Deus retirou-se dele no lugar onde lhe falou.
- Jacó erigiu uma coluna, uma coluna de pedra, no lugar onde Deus lhe falara, sobre ela derramou uma libação, e deitou-lhe azeite.
- Jacó chamou Betel ao lugar onde Deus lhe falara.
- Partiram de Betel, e ainda havia um trecho antes de chegar a Efrata. Raquel estava de parto, e custou-lhe o dar à luz.
- Quando ela estava nas dores do parto, disse-lhe a parteira: Não temas; pois ainda terás este filho.
- Ao sair-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim.
- Morreu Raquel, e foi sepultada no caminho que vai a Efrata (esta é Belém).
- Jacó erigiu sobre a sepultura de Raquel uma coluna que existe até o dia de hoje.
- Partiu Israel e armou a sua tenda além da torre de Éder.
- Habitando Israel naquela terra, foi Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube. Os filhos de Jacó eram doze:
- Rúben, o primogênito de Jacó, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom, filhos de Lia;
- José e Benjamim, filhos de Raquel;
- Dã e Naftali, filhos de Bila, serva de Raquel:
- e Gade e Aser, filhos de Zilpa, serva de Lia. Estes são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã.
- Veio Jacó a Isaque, seu pai, a Manre, a Quiriate-Arba (esta é Hebrom), onde peregrinaram Abraão e Isaque.
- Foram os dias de Isaque cento e oitenta anos.
- Exalando Isaque o seu espírito, morreu e foi reunido ao seu povo, velho e cheio de dias: e sepultaram-no Esaú e Jacó, seus filhos.
- Estas são as gerações de Esaú (este é Edom).
- Esaú tomou por mulheres dentre as filhas de Canaã: Ada, filha de Elom, o heteu, Oolibama, filha de Aná, filha de Zibeão, o heveu,
- e Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.
- Ada teve de Esaú Elifaz; Basemate deu à luz Reuel;
- e Oolibama deu à luz Jeús, Jalão e Coré. Estes são os filhos de Esaú que lhe nasceram na terra de Canaã.
- Esaú levou suas mulheres, e seus filhos, e suas filhas, e todas as almas de sua casa, e seu gado, e todos os seus animais e todas as suas possessões, que tinha adquirido na terra de Canaã; e foi para a terra de Seir, apartando-se de seu irmão Jacó.
- Pois os seus bens eram abundantes demais para habitarem eles juntos; e a terra de suas peregrinações não o podia sustentar por causa do seu gado.
- Assim Esaú habitou no monte de Seir: Esaú é Edom.
- Estas são as gerações de Esaú, pai dos idumeus, no monte de Seir;
- estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.
- Os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Getã e Quenaz.
- Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú; ela teve de Elifaz Amaleque. São estes os filhos de Ada, mulher de Esaú.
- Foram estes os filhos de Reuel, filho de Esaú: Naate, Zerá, Samá e Mizá: foram estes os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
- Foram estes os filhos de Oolibama, filha de Aná, filha de Zibeão, mulher de Esaú; ela teve de Esaú Jeús, Jalão e Coré.
- São estes os príncipes dos filhos de Esaú: os filhos de Elifaz, primogênito de Esaú: o príncipe de Temã, o príncipe de Omar, o príncipe de Zefô, o príncipe de Quenaz,
- o príncipe de Coré, o príncipe de Getã e o príncipe de Amaleque. São estes os príncipes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; estes são os filhos de Ada.
- Estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: o príncipe de Naate, o príncipe de Zerá, o príncipe de Samá e o príncipe de Mizá: estes são os príncipes que nasceram a Reuel na terra de Edom; estes são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
- Estes são os filhos de Oolibama, mulher de Esaú: o príncipe de Jeús, o príncipe de Jalão e o príncipe de Coré. Estes são os príncipes que nasceram de Oolibama, filha de Aná, mulher de Esaú.
- Estes são os filhos de Esaú, e estes seus príncipes: ele é Edom.
- São estes os filhos de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná,
- Disom, Éser e Disã. São estes os príncipes que procederam dos horeus, filhos de Seir na terra de Edom.
- Os filhos de Lotã foram Hori e Homã; a irmã de Lotã era Timna.
- Estes são os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã.
- Estes são os filhos de Zibeão: Aiá e Aná; este é Aná que achou as fontes termais no deserto quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
- São estes os filhos de Aná: Disom e Oolibama, filha de Aná.
- São estes os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
- São estes os filhos de Éser: Bilã, Zaavã e Acã.
- São estes os filhos de Disã: Uz e Arã.
- Estes são os príncipes que procederam dos horeus: o príncipe de Lotã, o príncipe de Sobal, o príncipe de Zibeão, o príncipe de Aná,
- o príncipe de Disom, o príncipe de Éser e o príncipe de Disã. Estes são os príncipes que procederam dos horeus, segundo os seus principados na terra de Seir.
- São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.
- Bela, filho de Beor, reinou em Edom; e o nome da sua cidade era Dinabá.
- Morreu Bela; e reinou em seu lugar Jobabe, filho de Zerá de Bozra.
- Morreu Jobabe e reinou em seu lugar Husão da terra dos temanitas.
- Morreu Husão, e reinou em seu lugar Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe: o nome da sua cidade era Avite.
- Morreu Hadade, e reinou em seu lugar Sanlá de Masreca.
- Morreu Sanlá, e reinou em seu lugar Saul, de Reobote perto do Rio.
- Morreu Saul, e reinou em seu lugar Baal-Hanã, filho de Acbor.
- Morreu Baal-Hanã, filho de Acbor, e reinou em seu lugar Hadar: o nome da sua cidade era Paú, e o nome da sua mulher era Meetabel, filha da Matrede, filha de Me-Zaabe.
- Estes são os nomes dos príncipes que procederam de Esaú, segundo as suas famílias, segundo os seus lugares, pelos seus nomes: o príncipe de Timna, o príncipe de Alva, o príncipe de Jetete,
- o príncipe de Oolibama, o príncipe de Elá, o príncipe de Pinom,
- o príncipe de Quenaz, o príncipe de Temã, o príncipe de Mibzar,
- o príncipe de Magdiel e o príncipe de Irã. Estes são os príncipes de Edom, segundo as suas habitações na terra da sua possessão. Este é Esaú, pai dos edomeus.
- Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
- Estas são as gerações de Jacó: José, tendo dezessete anos, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos; sendo ainda mocinho, acompanhava os filhos de Bila e os de Zilpa, mulheres de seu pai, e trouxe más notícias a respeito deles a seu pai.
- Ora Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica talar com mangas compridas.
- Viram seus irmãos que seu pai o amava mais que a todos os seus irmãos; aborreciam-no e não lhe podiam falar pacificamente.
- José teve um sonho, que relatou a seus irmãos; e odiaram-no ainda mais.
- Pois lhes disse: Ouvi este sonho que eu tive:
- eis que nós estávamos atando feixes no campo, e levantava-se o meu feixe e ficava em pé; os vossos feixes o rodeavam e prostravam-se perante o meu feixe.
- Responderam-lhe seus irmãos: Virás de fato a reinar sobre nós? Ou virás de fato a ter domínio sobre nós? Aborreciam-no ainda mais por causa dos seus sonhos e por causa das suas palavras.
- Teve outro sonho que relatou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho: eis que o sol, a lua e onze estrelas se prostraram perante mim.
- Quando o relatou a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai e disse-lhe: Que sonho é este que sonhaste? Viremos, porventura, eu, tua mãe e teus irmãos a prostrar-nos em terra perante ti?
- Seus irmãos lhe tinham inveja, mas seu pai guardava o caso no coração.
- Foram seus irmãos apascentar o rebanho de seu pai em Siquém.
- Perguntou Israel a José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, enviar-te-ei a eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui.
- Disse-lhe Israel: Vai, vê se vão bem teus irmãos, e o rebanho; e traze-me notícias. Assim o enviou ao vale de Hebrom, e ele foi a Siquém.
- E um homem encontrou a José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que procuras?
- Respondeu ele: Procuro meus irmãos; dize-me onde apascentam eles o rebanho?
- Disse o homem: Foram-se daqui, porque ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu atrás de seus irmãos e achou-os em Dotã.
- Eles viram-no de longe e, antes que chegasse a eles, conspiraram contra ele para o matar.
- Diziam um ao outro: Eis que vem o tal sonhador!
- Vinde, agora, matemo-lo e lancemo-lo numa das covas, e diremos: Uma besta fera o devorou; e veremos que será dos seus sonhos.
- Mas ouvindo-o Rúben, livrou-o das mãos deles; e disse: Não lhe tiremos a vida.
- Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue. Lançai-o nesta cova que está no deserto, porém não ponhais mão sobre ele; isto disse, para o livrar das mãos deles, a fim de o restituir a seu pai.
- Logo que chegou José a seus irmãos, despiram-no da túnica, da túnica talar com mangas compridas que ele trazia;
- e, tomando-o, lançaram-no na cova: ora a cova estava vazia, não havia água nela.
- Então se assentaram para comer. Levantando os olhos, olharam, e eis que uma caravana de ismaelitas vinha de Gileade, trazendo os seus camelos tragacanta, mastique e lábdano, que iam levar ao Egito.
- Disse Judá a seus irmãos: De que nos aproveita matar a nosso irmão e encobrir o seu sangue?
- Vinde, vendamo-lo aos ismaelitas, e não seja a nossa mão sobre ele, porque ele é nosso irmão, nossa carne. E escutaram-no seus irmãos.
- Passando uns negociantes midianitas, tiraram e alçaram da cova a José, e venderam-no aos ismaelitas, por vinte moedas de prata; estes o levaram ao Egito.
- Tendo Rúben voltado à cova, eis que José não estava na cova; então rasgou os seus vestidos.
- Voltou a seus irmãos e disse: O moço não aparece; e eu para onde irei?
- Então tomaram a túnica de José, mataram um bode e tingiram a túnica no sangue.
- Enviaram a túnica talar com mangas compridas e fizeram levá-la a seu pai e disseram: Achamos esta túnica; vê se é a túnica de teu filho ou não.
- Ele a reconheceu e disse: É a túnica de meu filho; uma besta fera o devorou, sem dúvida José foi despedaçado.
- Rasgou Jacó os seus vestidos, pôs saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho muitos dias.
- Levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas para o consolarem, mas ele não quis ser consolado; e disse: Pois com choro hei de descer para meu filho ao Sheol. Assim o chorou seu pai.
- Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.
- Nesse tempo separou-se Judá de seus irmãos e uniu-se a um adulamita, que se chamava Hira.
- Viu ali a filha dum cananeu, por nome Sua; tomou-a por mulher e a conheceu.
- Ela concebeu e deu à luz um filho; e o pai chamou-lhe Er.
- Tornou a conceber e deu à luz um filho, a quem a mãe chamou Onã.
- Deu à luz mais um filho, e chamou-lhe Selá. Judá estava em Quezibe, quando ela deu à luz.
- Judá tomou para o seu primogênito Er uma mulher, a qual se chamava Tamar.
- Ora Er, o primogênito de Judá, era um homem mau aos olhos de Jeová; assim Jeová o matou.
- Disse Judá a Onã: Toma a mulher de teu irmão, cumpre para com ela o dever dum irmão de seu marido e dá sucessão a teu irmão.
- Mas Onã sabia que os filhos não havia de ser tidos por seus; assim todas as vezes que ele se unia à mulher de seu irmão, deixava cair o sêmen no chão, para que não desse sucessão a seu irmão.
- O que ele fazia era mau aos olhos de Jeová, que o matou também a ele.
- Disse Judá a Tamar, sua nora: Fica-te viúva em casa de teu pai, até que meu filho Selá venha a ser homem; porquanto disse: Para que não morra este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai.
- No correr do tempo morreu a filha de Sua, mulher de Judá; e consolado Judá, subiu a Timna para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e seu amigo Hira, o adulamita.
- Foi dito a Tamar: Eis que teu sogro sobe a Timna para tosquiar as suas ovelhas.
- Ela se despiu dos vestidos de sua viuvez, se cobriu com um véu, envolveu-se e se assentou à entrada de Enaim, que está no caminho que vai dar a Timna; pois viu que Selá era já homem feito, e ela não lhe fora dada por mulher.
- Vendo-a Judá, teve-a por uma prostituta; pois ela tinha coberto o rosto.
- Então se chegou a ela no caminho e disse: Vem, deixa-me estar contigo; pois não sabia que ela era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo?
- Respondeu ele: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela: Dar-me-ás um penhor, até que o envies?
- Respondeu ele: Que penhor é o que te darei? Disse ela: Teu selo com a corda, e o báculo que tens na mão. Ele, pois, lhos deu, e a conheceu, e ela concebeu.
- Ela, levantando-se, se foi, tirou de si o véu, e se vestiu com os vestidos de sua viuvez.
- Enviou Judá o cabrito por intermédio de seu amigo, o adulamita, para receber o penhor da mão da mulher; porém não a encontrou.
- Então perguntou aos homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao caminho? Responderam eles: Aqui não tem estado prostituta alguma.
- Tendo voltado a Judá, disse: Não a encontrei; e também os homens do lugar disseram: Aqui não tem estado prostituta alguma.
- Respondeu Judá: Que ela o guarde para si, para que não nos tornemos em opróbrio; eis que enviei este cabrito, mas tu não a encontraste.
- Passado quase três meses foi dito a Judá: Tamar, tua nora, fornicou; e eis que está pejada da fornicação. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.
- Havendo sido tirada para fora, mandou ela dizer a seu sogro: Eu concebi do homem de quem são estas coisas; e disse mais: Reconhece de quem são estes, o selo com o cordão e o báculo.
- Reconheceu-os Judá e disse: Ela é mais justa do que eu; porquanto não a entreguei a meu filho Selá. Ele, pois, nunca mais a conheceu.
- Aconteceu que ao tempo de dar à luz, eis que havia gêmeos no seu ventre.
- Quando estava com dores de parto, um deitou fora a mão, e a parteira tomou e atou na mão dele uma fita encarnada, dizendo: Este saiu primeiro.
- Mas, recolhendo ele a mão, saiu seu irmão; e ela disse: Por que fizestes para ti uma rotura? Portanto foi chamado Perez.
- Depois saiu seu irmão, em cuja mão estava a fita encarnada; e foi chamado Zera.
- José foi conduzido ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, varão egípcio, comprou-o das mãos dos ismaelitas que o haviam conduzido para lá.
- Jeová era com José, e ele veio a ser próspero; e estava na casa do egípcio, seu senhor.
- Viu seu senhor que Jeová era com ele, e que tudo o que ele fazia, Jeová o tornou próspero em suas mãos.
- Achou José graça aos olhos dele e servia-o; seu senhor fê-lo mordomo da sua casa, e tudo o que tinha pôs nas mãos de José.
- Desde que o fez mordomo na sua casa, e pô-lo sobre tudo o que tinha, abençoou Jeová a casa do egípcio por amor de José; e a bênção de Jeová estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo.
- Potifar deixou nas mãos de José tudo o que tinha; e não sabia nada do que estava com ele, a não ser o pão que comia. José era formoso de porte e de semblante.
- Aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo.
- Mas ele recusou e disse à mulher do seu senhor: Meu senhor não sabe que está comigo na sua casa, e pôs tudo o que ele tem nas minhas mãos.
- Ele não é maior do que eu nesta casa; e não reteve coisa alguma de mim senão a ti, porque és sua mulher: como, pois, posso cometer esta grande maldade e pecar contra Deus?
- Falando ela a José todos os dias, ele não lhe dava ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela.
- Sucedeu nestes dias que entrou em casa para atender aos seus negócios; e não havia nenhum dos homens da casa lá dentro.
- Então ela lhe pegou pelo vestido, dizendo: Deita-te comigo; mas ele, deixando o seu vestido nas mãos dela, fugiu e saiu para fora.
- Quando ela viu que ele havia deixado o seu vestido nas mãos dela, e havia fugido para fora,
- chamou pelos homens da sua casa, e disse-lhes: Vede, introduziu meu marido a este hebreu para zombar de nós. Veio a mim para se deitar comigo, e gritei em alta voz;
- ouvindo ele que eu levantava a voz e gritava, deixou o seu vestido comigo, fugiu e saiu para fora.
- Ela guardou o vestido dele perto de si, até que o senhor dele voltou para casa.
- Então ela lhe falou do seguinte modo: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio ter comigo para zombar de mim;
- mas, quando eu levantava a voz e gritava, deixou o seu vestido comigo, e fugiu para fora.
- Tendo o seu senhor ouvido as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Desta maneira me fez teu servo, então se acendeu a sua ira.
- O senhor de José o tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os presos do rei estavam encarcerados; ali esteve na prisão.
- Jeová, porém, era com José, mostrou-lhe a sua benignidade e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro.
- O carcereiro entregou às mãos de José todos os presos que estavam no cárcere; e ele fazia tudo o que se fazia ali.
- O carcereiro não tinha cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porque Jeová era com ele, e tudo o que ele fazia Jeová tornava próspero.
- Depois destas coisas o copeiro do rei do Egito e o seu padeiro ofenderam ao seu senhor, o rei do Egito.
- Indignou-se Faraó contra os seus dois oficiais, contra o padeiro-mor e contra o copeiro-mor.
- Mandou detê-los na casa do capitão da guarda, no cárcere, no lugar onde José estava preso.
- O capitão da guarda deu a José o cargo deles; e estiveram por algum tempo em detenção.
- Tiveram ambos um sonho, cada qual o seu sonho numa só noite, cada qual segundo a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam presos na casa do cárcere.
- Pela manhã entrou José a eles, e os viu, e eis que estavam turbados.
- Perguntou, pois, aos oficiais de Faraó, que com ele estavam detidos na casa do seu senhor: Por que estão hoje tão tristes os vossos semblantes?
- Responderam-lhe: Tivemos um sonho e não há quem o possa interpretar. Disse-lhes José: Porventura não pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo.
- O copeiro-mor contou o seu sonho a José, e lhe disse: Eis que em meu sonho havia uma vide diante de mim,
- e na vide três varas. Ao brotar a vide, saíram as suas flores e produziram os seus cachos uvas maduras.
- O copo de Faraó estava na minha mão; e, tomando as uvas, espremi-as no copo de Faraó e entreguei-o a Faraó.
- Respondeu José: Esta é a interpretação do sonho: as três varas são três dias;
- dentro ainda de três dias levantará Faraó a tua cabeça e te restituirá ao teu cargo; darás o copo de Faraó na sua mão conforme o costume antigo quando eras o seu copeiro.
- Porém lembra-te de mim, quando te for bem, e usa para comigo de compaixão, faze menção de mim a Faraó, e tira-me desta casa.
- Pois, na verdade, fui roubado da terra dos hebreus; e também aqui nada tenho feito para que me pusessem na masmorra.
- Vendo o padeiro-mor que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos de pão branco estavam sobre a minha cabeça.
- No cesto mais alto havia para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os padeiros; as aves comiam-nos do cesto que estava sobre a minha cabeça.
- Respondeu-lhe José: Esta é a interpretação do sonho: os três cestos são três dias;
- dentro ainda de três dias te tirará Faraó a cabeça e te suspenderá num madeiro; e as aves te comerão as carnes.
- ao terceiro dia, que era o dia natalício de Faraó, deu este um banquete a todos os seus servos. Levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no meio de seus servos.
- Restituiu ao copeiro-mor o seu cargo de copeiro, para que entregasse o copo a Faraó,
- mas enforcou ao padeiro-mor, como José lhes havia interpretado.
- Contudo o copeiro-mor não se lembrou de José, porém dele se esqueceu.
- Passados dois anos inteiros, teve Faraó um sonho; e eis que estava em pé junto ao Nilo.
- Subiam do Nilo sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, que pastavam no carriçal.
- Depois delas subiam do Nilo outras sete vacas, feias à vista e magras de carne, que estavam paradas junto às outras à beira do Nilo.
- As vacas feias à vista e magras de carne comiam as sete vacas formosas à vista e gordas. Então acordou Faraó.
- Depois adormeceu e sonhou outra vez: saíam duma só cana sete espigas grandes e boas.
- Depois delas nasciam sete espigas delgadas e queimadas do vento oriental.
- As espigas delgadas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então acordou Faraó e eis que era um sonho.
- De manhã achava-se perturbado o seu espírito; e mandou chamar todos os magos do Egito e todos os seus sábios. Faraó contou-lhes o seu sonho, porém não havia quem lhos interpretasse.
- Então disse o copeiro-mor a Faraó: Hoje vou confessar as minhas ofensas:
- Tendo-se irado Faraó com os seus servos, mandou meter-me a mim e ao padeiro-mor em detenção na casa do capitão da guarda.
- Tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele; sonhamos cada um conforme a interpretação do seu sonho.
- Achava-se ali um mancebo hebreu, servo do capitão da guarda; contamos-lhe os nossos sonhos, e ele no-los interpretou; a cada um conforme o seu sonho os interpretou.
- Assim aconteceu, como ele no-los interpretou: eu fui restituído ao meu cargo, e ele foi enforcado.
- Mandou Faraó chamar a José, e fizeram-lhe sair apressadamente da masmorra. Ele se barbeou, mudou a roupa e foi apresentar-se a Faraó.
- Disse Faraó a José. Tive um sonho e não há quem o possa interpretar. Ouvi dizer de ti que, quando ouves um sonho, podes interpretá-lo.
- Respondeu-lhe José: De modo nenhum; Deus há de dar a Faraó uma resposta de paz.
- Disse Faraó a José: Eis que em meu sonho estava eu em pé à beira do Nilo.
- Subiam do Nilo sete vacas gordas de carne e formosas à vista que pastavam no carriçal;
- depois delas subiam outras sete vacas, fracas, mui feias de parecer e magras de carne, tão ruins, que nunca as vi tais em toda a terra do Egito.
- As vacas magras e ruins comiam as primeiras sete vacas gordas;
- e depois das terem consumido, não se podia saber que as tinham consumido; pois o seu aspecto era tão feio como no princípio. Então acordei.
- Depois vi em meu sonho, e eis que duma só cana saíam sete espigas cheias e boas,
- e depois delas nasciam sete espigas murchas, delgadas e queimadas do vento oriental,
- e as espigas delgadas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, porém não houve quem mo pudesse explicar.
- Respondeu-lhe José: O sonho de Faraó é um só; manifestou Deus a Faraó o que está para fazer.
- As sete vacas boas são sete anos, e as sete espigas boas são sete anos: o sonho é um só.
- Também as sete vacas magras e ruins que subiam depois delas são sete anos, e as sete espigas vazias e queimadas do vento oriental serão sete anos de fome.
- É isto o que eu disse a Faraó; manifestou Deus a Faraó o que está para fazer.
- Eis que vêm sete anos de grande abundância por toda a terra do Egito;
- e a estes seguirão sete anos de fome. Toda aquela abundância será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra;
- não será conhecida a abundância na terra por causa daquela fome que seguirá, porque será gravíssima.
- O sonho de Faraó foi repetido duas vezes, porque a coisa é estabelecida por Deus, e ele a fará brevemente.
- Agora se proveja Faraó de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.
- Faça isso Faraó: nomeie administradores sobre a terra, e tome a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de abundância.
- Ajuntem os administradores toda a colheita destes bons anos que vêm, recolham o trigo debaixo do poder de Faraó para mantimento nas cidades, e o guardem.
- Assim o mantimento será para o provimento da terra nos sete anos da fome que haverá na terra do Egito; para que não pereça a terra por causa da fome.
- O conselho pareceu bom aos olhos de Faraó e aos olhos de todos os seus servos.
- Perguntou Faraó aos seus servos: Porventura poderemos achar um homem como este, em quem há o espírito de Deus?
- Disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.
- Tu estarás sobre a minha casa, e à tua voz obedecerá todo o meu povo; somente no trono serei eu maior que tu.
- Disse mais Faraó a José: Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito.
- Faraó tirou da mão o seu anel de selar e pô-lo na mão de José, fez-lhe vestir vestidos de linho fino e pôs-lhe à roda do pescoço um colar de ouro.
- Fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Ele o constituiu sobre toda a terra do Egito.
- Ainda disse Faraó a José: Eu sou Faraó, e sem a tua ordem não levantará ninguém mão ou pé em toda a terra do Egito.
- Faraó chamou a José Zafenate-Paneia, e deu-lhe por mulher Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Saiu José a percorrer a terra do Egito.
- José era da idade de trinta anos, quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. Saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
- Durante os sete anos de abundância produziu a terra a mãos cheias.
- Durante estes sete anos que houve na terra do Egito ajuntou José todo o mantimento, e o guardou nas cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, o guardou dentro da mesma.
- Recolheu José trigo como a areia do mar em grande abundância, até que cessou de contar; porque a cópia excedia toda a medida.
- Antes que viessem os anos da fome, nasceram dois filhos a José, os quais lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
- Chamou José ao primogênito Manassés, pois disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho e de toda a casa de meu pai.
- Ao segundo chamou Efraim, pois disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.
- Acabaram-se os sete anos de abundância, que houve na terra do Egito,
- e começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito. Havia fome em todas as terras, mas em toda a terra do Egito havia pão.
- Tendo toda a terra do Egito fome, clamou pedindo pão a Faraó; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; fazei tudo o que ele vos disser.
- Havendo, pois, fome sobre toda a terra, abriu José todos os celeiros e vendia aos egípcios. A fome prevaleceu na terra do Egito.
- Vinham todas as terras ao Egito, para comprarem de José, porque a fome prevaleceu em todo o mundo.
- Sabendo Jacó que havia trigo no Egito, disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?
- E continuou: Tenho ouvido que há trigo no Egito. Descei e lá comprai-o para nós, a fim de que vivamos e não morramos.
- Então desceram os dez irmãos de José para comprar trigo no Egito.
- A Benjamim, porém, irmão de José, não enviou Jacó com seus irmãos; pois disse: Para que, porventura, não lhe suceda algum desastre.
- Entre os que iam para lá foram também os filhos de Israel a comprar; porque havia fome na terra de Canaã.
- José era o governador da terra; era ele quem vendia a todo o povo. Vieram os irmãos de José e prostraram-se diante dele com o rosto em terra.
- Quando José viu seus irmãos, reconheceu-os, mas portou-se para com eles como estranho, falou-lhes asperamente e perguntou-lhes: Donde vindes? Responderam eles: Da terra de Canaã para comprarmos mantimento.
- Ora José reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram a ele.
- José lembrou-se dos sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes: Vós sois espias; para verdes a nudez da terra é que tendes vindo.
- Responderam-lhe: Não, senhor meu, mas para comprarem mantimentos vieram os teus servos.
- Todos nós somos filhos do mesmo homem; somos homens retos, os teus servos não são espias.
- Tornou-lhes: Não, mas sois vindos para ver a nudez da terra.
- Eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem na terra de Canaã; eis que o menor está hoje com nosso pai, e o outro já não existe.
- Então lhes respondeu José: É o que vos tenho dito, quando disse que sois espias.
- Nisto sereis provados: pela vida de Faraó não saireis daqui, sem que venha para cá vosso irmão menor.
- Enviai a um dentre vós, que traga vosso irmão, e vós ficareis presos para que sejam provadas as vossas palavras se há verdade em vós; ou senão pela vida de Faraó vós sois espias.
- Meteu-os juntos em detenção por três dias.
- Ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis, porque temo a Deus.
- Se sois homens retos, fique um de vós preso na casa de vossa prisão; mas ide vós, levai o trigo preciso por causa da fome das vossas casas,
- e trazei-me vosso irmão menor: assim serão verificadas as vossas palavras, e não morrereis. Eles assim o fizeram.
- Então disseram uns aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a angústia da sua alma, quando ele nos suplicava, e não o queríamos atender; por isso é vinda sobre nós esta angústia.
- Respondeu-lhes Rúben: Porventura não vos disse eu: Não pequeis contra o menino; e não queríeis ouvir? Por isso também eis que o seu sangue é requerido.
- Eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.
- Voltando-se, chorou; depois tornou a eles, e lhes falou e, tirando a Simeão, o ligou na presença deles.
- José ordenou que lhes enchessem de trigo os sacos, e repusessem o dinheiro de cada um no seu saco, e lhes dessem provisões para o caminho; assim lhes foi feito.
- Eles carregaram o trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.
- Abrindo um deles o seu saco para dar de comer ao seu jumento na estalagem, deu com o seu dinheiro, pois estava na boca do seu saco.
- E disse a seus irmãos: O meu dinheiro foi restituído; ei-lo aqui está no meu saco. Desfaleceu-lhes o coração e, tremendo, viraram-se uns para os outros, dizendo: Que é isto que Deus nos fez?
- Vieram a seu pai Jacó na terra de Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes havia acontecido; dizendo:
- O homem, o senhor da terra, falou conosco asperamente, e nos teve por espias da terra.
- Dissemos-lhe: Nós somos homens retos, não somos espias;
- somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um já não existe, e o menor está hoje com nosso pai na terra de Canaã.
- Respondeu-nos o homem, o senhor da terra: Nisto conhecerei que sois homens retos: deixai comigo um de vossos irmãos, levai o trigo necessário por causa da fome das vossas casas, e ide-vos embora;
- trazei-me vosso irmão menor, então saberei que não sois espias, mas que sois homens retos. Assim vos entregarei vosso irmão, e negociareis na terra.
- Aconteceu que, despejando eles os seus sacos, eis que cada um tinha o seu pacote de dinheiro no seu saco; quando eles e seu pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo.
- Então lhes disse seu pai Jacó: Tendes-me desfilhado; já não existe José, e não existe Simeão, e haveis de levar a Benjamim! É sobre mim que são vindas todas estas coisas!
- Rúben disse a seu pai: Tira a vida a meus dois filhos, se eu to não trouxer: entrega-o a mim, e eu to restituirei.
- Ele, porém, disse: Não descerá meu filho convosco; porque seu irmão é morto, e só ele foi deixado: se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer com tristeza as minhas cãs ao Sheol.
- A fome era gravíssima na terra.
- Tendo eles acabado de comer o trigo que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: Voltai, comprai-nos um pouco de mantimento.
- Respondeu-lhe Judá: Fortemente nos protestou o homem, dizendo: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.
- Se queres enviar conosco nosso irmão, desceremos e te compraremos mantimento;
- mas se não queres enviá-lo, não desceremos, pois o homem nos disse: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.
- Perguntou Israel: Por que me fizestes este mal, fazendo saber ao homem que tínheis outro irmão?
- Responderam eles: O homem perguntou particularmente por nós e pela nossa parentela, dizendo: Vive ainda vosso pai? Tendes ainda outro irmão? Respondemos-lhe segundo o teor destas palavras; podíamos, porventura, saber com certeza que ele havia de dizer: Fazei descer vosso irmão?
- Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o moço comigo, e levantar-nos-emos e iremos; para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos filhinhos.
- Eu serei fiador dele, da minha mão o requererás: se eu to não trouxer, e o não colocar diante da tua face, serei réu de crime para contigo em todo o tempo.
- Se não nos tivéssemos demorado, certamente já segunda vez teríamos estado de volta.
- Respondeu-lhes Israel, seu pai: Se é assim, então fazei isso: tomai dos melhores frutos da terra nas vossas vasilhas, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel, tragacanta e lábdano, nozes de pistácia e amêndoas.
- Levai também em vossas mãos dinheiro em dobro; o dinheiro que foi posto na boca dos vossos sacos, tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que fosse engano.
- Levai também vosso irmão, levantai-vos e ide ter com o homem:
- Deus Todo-poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que ele vos restitua vosso irmão Benjamim. Mas quanto a mim, se eu ficar sem filhos, sem filhos ficarei.
- Tomaram, pois, os homens aquele presente, e o dinheiro em dobro, e a Benjamim; levantando-se, desceram ao Egito e apresentaram-se a José.
- Vendo José a Benjamim com eles, disse ao despenseiro de sua casa: Conduze os homens para casa, mata reses e apronta tudo; pois eles hão de comer comigo ao meio-dia.
- Fez o homem como José ordenara, e levou os homens para a casa de José.
- Os homens tiveram medo, porque foram levados à casa de José; e disseram: É por causa do dinheiro que da outra vez foi reposto em nossos sacos que somos trazidos aqui, para nos assaltar e cair sobre nós e reduzir-nos à escravidão, tanto a nós como aos nossos jumentos.
- Tendo-se chegado ao despenseiro da casa de José, disseram-lhe à porta da casa:
- Senhor meu, na verdade, descemos dantes a comprar mantimento;
- quando chega-mos à estalagem, abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; tornamos a trazê-lo em nossas mãos.
- Outro dinheiro trouxemos em nossas mãos para comprarmos mantimento; não sabemos quem tenha posto o nosso dinheiro em nossos sacos.
- Ele disse: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus e o Deus de vossos pais deu-vos um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou a mim. Ele lhes trouxe fora Simeão.
- Então os conduziu para a casa de José e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu de comer aos jumentos deles.
- Eles prepararam o presente para quando José viesse ao meio-dia, pois ouviram que ali haviam de comer.
- Tendo José entrado em casa, trouxeram-lhe para dentro o presente que tinham nas suas mãos, e prostraram-se perante ele com o rosto em terra.
- Ele lhes perguntou como estavam, e disse: Vai bem vosso pai, o velho de quem me falastes? Ainda vive?
- Responderam eles: Vai bem o teu servo, nosso pai, ele ainda vive. E inclinaram as cabeças e prostraram-se.
- José levantou os olhos, e viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e perguntou: Este é o vosso irmão menor, de quem me falastes? E disse: Deus se compadeça de ti, meu filho.
- José apressou-se, porque se lhe comoveram as entranhas por causa de seu irmão. Procurou onde chorar e, entrando na sua câmara, chorou ali.
- Tendo lavado o rosto, saiu; e conteve-se e disse: Ponde a comida na mesa.
- Serviram-lhe a ele à parte, e a eles também à parte e à parte aos egípcios que comiam com ele; os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso abominação aos egípcios.
- Sentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o mais moço segundo a sua mocidade; e os homens se maravilharam entre si.
- Enviou-lhes as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que qualquer porção deles. Eles beberam e se regalaram com ele.
- José deu esta ordem ao despenseiro da sua casa: Enche de mantimento os sacos dos homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada homem na boca do seu saco.
- Põe na boca do saco do mais moço a minha taça de prata, e o dinheiro que deu pelo trigo. Assim fez ele conforme a palavra que José havia falado.
- Ao raiar a luz da manhã, foram despedidos os homens, eles e seus jumentos.
- Tendo eles saído da cidade, mas não tendo ido ainda muito longe, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te, segue os homens; e alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o mal pelo bem?
- Não é esta a taça por que bebe o meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Procedestes mal no que fizestes.
- Tendo-os alcançado, falou-lhes ele estas palavras.
- Responderam-lhe: Por que fala meu senhor tais palavras? Longe estejam os teus servos de fazerem semelhante coisa!
- Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, tornamos a trazê-lo a ti da terra de Canaã: como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
- Aquele dos teus servos, com quem for ela achada, morra, e nós também seremos escravos do meu senhor.
- Ele disse: Seja conforme as vossas palavras: aquele com quem for ela achada será o meu escravo; porém vós sereis inocentes.
- Eles se apressaram, e, tendo cada um posto o seu saco em terra, o abriu.
- O despenseiro os examinou, começando pelo mais velho e acabando pelo mais moço; e a taça foi achada no saco de Benjamim.
- Então rasgaram os vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.
- Veio Judá com seus irmãos à casa de José, que ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele.
- Perguntou-lhe José: Que ação é esta que praticastes? Não sabeis que um homem como eu pode muito bem adivinhar?
- Respondeu Judá: Que diremos ao meu senhor? Que falaremos? Descobriu Deus a iniquidade de teus servos: eis que somos escravos do meu senhor, assim nós, como aquele em cuja mão foi achada a taça.
- Disse José: Longe esteja eu de fazer isto! O homem em cuja mão foi achada a taça será meu escravo; mas, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.
- Então se chegou Judá a ele e lhe disse: Senhor meu, permite que o teu servo diga uma palavra aos ouvidos do meu senhor, e não se acenda a tua ira contra o teu servo, porque tu és como Faraó mesmo.
- Meu senhor perguntou aos seus servos: Tendes pai, ou irmão?
- Respondemos ao meu senhor: Temos pai já velho, e um filho que nasceu na sua velhice, um menino pequeno; o irmão deste é morto, e ele foi deixado o único de sua mãe; e seu pai o ama.
- Disseste aos teus servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.
- Respondemos ao meu senhor: O menino não pode deixar a seu pai; pois, se ele deixasse a seu pai, seu pai morreria.
- Tornaste aos teus servos: Se não descer convosco vosso irmão menor, não vereis mais a minha face.
- Tendo nós subido a ter com teu servo, nosso pai, referimos-lhe as palavras do meu senhor.
- Disse nosso pai: Voltai, comprai um pouco de mantimento.
- Nós respondemos: Não podemos descer. Se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.
- Então nos disse teu servo, nosso pai: Vós sabeis que minha mulher deu à luz dois filhos;
- Um saiu de minha casa e eu disse: Certamente ele foi despedaçado, e até agora não o tenho visto mais.
- Se agora me tirardes a este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer com tristeza as minhas cãs ao Sheol.
- Agora, se eu for ter com teu servo, meu pai, e não estiver comigo o menino (visto que a sua alma está ligada com a alma do menino);
- vendo ele que o menino não está conosco, morrerá; e os teus servos farão descer com tristeza as cãs de teu servo, nosso pai, ao Sheol.
- Pois teu servo se deu por fiador do menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não tornar a trazer a ti, serei para sempre réu de crime contra meu pai.
- Agora, pois, fique teu servo em lugar do menino como escravo do meu senhor, e suba o menino com seus irmãos.
- Porque como subirei eu a meu pai, se o menino não estiver comigo? Para que não veja eu o mal que a meu pai sobrevirá.
- Não se pôde José conter diante de todos os que estavam com ele, e clamou: Fazei a todos sair da minha presença. Ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a seus irmãos.
- Levantou a voz em choro; e ouviram-no os egípcios bem como a casa de Faraó.
- Disse a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? Não podiam responder-lhe seus irmãos; pois estavam pasmados diante dele.
- Disse José a seus irmãos: Chegai-vos a mim. Eles se chegaram. Então disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
- Agora não vos entristeçais, nem vos ireis contra vós mesmos por me haverdes vendido para cá; porque, para preservar a vida, é que Deus me enviou adiante de vós.
- Porquanto já houve dois anos de fome na terra; e restam ainda cinco anos em que não se poderá lavrar nem ceifar.
- Deus enviou-me adiante de vós, para que vos fique um resquício sobre a terra, e para conservar-vos em vida por uma grande libertação.
- Assim não fostes vós os que me enviastes para cá, porém Deus, o qual me fez como pai a Faraó, e senhor de toda a casa deste e governador sobre toda a terra do Egito.
- Apressai-vos, subi a meu pai e dizei-lhe: Assim manda dizer teu filho José: Deus fez-me senhor de todo o Egito. Desce a mim, não te demores;
- habitarás na terra de Gósen, e estarás perto de mim, tu, teus filhos, os filhos de teus filhos, os teus rebanhos, o teu gado, e tudo quando tens.
- Aí te sustentarei (porque ainda restam cinco anos de fome), para que não sejas empobrecido, tu, a tua casa e tudo o que tens.
- Os vossos olhos e os de meu irmão Benjamim veem que é a minha boca a que vos fala.
- Fareis saber a meu pai toda a minha glória no Egito, e tudo o que tendes visto; apressar-vos-eis, e fareis descer a meu pai para cá.
- Então se lançou ao pescoço de seu irmão Benjamim e chorou; e Benjamim chorou sobre o pescoço dele.
- José beijou a todos os seus irmãos e chorou sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele.
- Esta nova fez-se ouvir na casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; e com ele se alegraram muito Faraó e seus servos.
- Ordenou Faraó a José: Dize a teus irmãos: fazei isto; carregai as vossas bestas, ide para a terra de Canaã,
- tomai a vosso pai e a vossas famílias e vinde para mim. Eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da abundância da terra.
- Tu tens ordens para lhes dizer. Fazei isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos filhinhos e para vossas mulheres, trazei vosso pai e vinde.
- Também não se vos dê de vossas alfaias, pois é vosso o melhor de toda terra do Egito.
- Os filhos de Israel fizeram assim; José deu-lhes carros, segundo a ordem de Faraó e deu-lhes também provisão para o caminho.
- A todos eles deu, a cada um, mudas de vestidos; porém a Benjamim deu trezentas moedas de prata e cinco mudas de vestidos.
- Da mesma maneira enviou a seu pai: dez jumentos carregados das melhores coisas do Egito, e dez jumentos carregados de trigo, pão e mantimentos para o caminho.
- Assim despedindo seus irmãos, e eles partiram; disse-lhes: Não tenhais desavença pelo caminho.
- Então subiram do Egito e, vindo a seu pai Jacó na terra de Canaã,
- disseram-lhe: José vive ainda, e é governador de toda a terra do Egito. Entorpeceu-se-lhe o coração, pois não lhes deu crédito.
- Em seguida referiram-lhe todas as palavras que José lhes havia falado; e tendo seu pai Jacó visto os carros que José enviara para levá-lo, reviveu-se-lhe o espírito,
- e disse Israel: Basta; vive ainda meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.
- Tendo Israel partido com tudo o que tinha, veio a Berseba e ofereceu sacrifício ao Deus de seu pai Isaque.
- Falou Deus a Israel em visões de noite e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.
- Continuou Deus: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; pois ali farei de ti uma grande nação.
- Eu descerei contigo para o Egito, e eu certamente te farei tornar a subir. José porá as mãos sobre os teus olhos.
- Jacó levantou-se de Berseba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, seus filhinhos e suas mulheres nos carros que Faraó tinha enviado para o levar.
- Tomaram o seu gado e os bens que haviam adquirido na terra de Canaã, e foram ao Egito, Jacó e toda a sua descendência.
- Seus filhos, e os filhos de seus filhos, suas filhas e as filhas de seus filhos e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito.
- São estes os nomes dos filhos de Israel, Jacó e seus filhos, que foram ao Egito: Rúben, primogênito de Jacó.
- Os filhos de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi.
- Os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar e Saul, filho de uma mulher cananeia.
- Os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari.
- Os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zera; Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. Os filhos de Perez eram: Hezrom e Hamul.
- Os filhos de Issacar: Tola, Puva, Jó e Sinrom.
- Os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.
- Estes são os filhos de Lia, que ela deu à luz a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha: todas as almas de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.
- Os filhos de Gade: Zifiom, Hagi, Suni, Ezbom, Eri, Arodi e Areli.
- Os filhos de Aser: Imna, Isvá, Isvi, Berias e Sera, irmã deles; e os filhos de Berias: Héber e Malquiel.
- Estes são os filhos de Zilpa, a qual Labão deu a sua filha Lia; e estes deu ela à luz a Jacó, a saber, dezesseis almas.
- Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.
- Nasceram a José na terra do Egito Manassés e Efraim, os quais lhe deu à luz Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
- Os filhos de Benjamim: Bela, Bequer, Asbel, Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde.
- Estes são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó: todas as almas eram quatorze.
- O filho de Dã: Husim.
- Os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
- Estes são os filhos de Bila, a qual Labão deu a sua filha Raquel, e estes deu ela à luz a Jacó: todas as almas eram sete.
- Todas as almas que vieram com Jacó ao Egito, e que saíram da sua coxa, não contando as mulheres dos filhos de Jacó, todas as almas eram sessenta e seis;
- e os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas; todas as almas da casa de Jacó, que vieram ao Egito, eram setenta.
- Jacó enviou a Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.
- José mandou aprontar o seu carro e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen; e tendo-se-lhe apresentado, lançou-se-lhe ao pescoço e ali chorou muito tempo.
- Disse Israel a José: Morra eu agora, pois tenho visto o teu rosto, que ainda vives.
- Disse José a seus irmãos e à casa de seu pai: Subirei, darei notícia a Faraó e lhe direi: meus irmãos, e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para mim.
- Os homens são pastores, pois se têm ocupado em apascentar gado; e trouxeram os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que têm.
- Quando, pois, Faraó vos chamar e vos perguntar: Que ocupação é a vossa?
- Os teus servos temo-nos ocupado em apascentar gado desde a mocidade até agora, tanto nós como nossos pais, assim respondereis para que habiteis na terra de Gósen; porque todo o pastor de ovelhas é abominação para os egípcios.
- Tendo José entrado, deu notícia a Faraó, dizendo: Meu pai e meus irmãos com os seus rebanhos e gados e tudo o que têm são vindos da terra de Canaã; e eis que estão na terra de Gósen.
- Tomou cinco homens dentre seus irmãos e apresentou-os a Faraó.
- Então Faraó perguntou aos irmãos de José: Que ocupação é a vossa? Responderam-lhe: Os teus servos somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
- Disseram mais a Faraó: Somos vindos para peregrinar nesta terra, porque não há pasto para os rebanhos dos teus servos, sendo grave a fome na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te permitas que os teus servos habitem na terra de Gósen.
- Disse Faraó a José: Teu pai e teus irmãos vieram a ti.
- A terra do Egito está diante de ti: no melhor da terra faze habitar a teu pai e a teus irmãos; habitem eles na terra de Gósen. Se sabes que há entre eles alguns homens hábeis, faze-os maiorais dos pastores do meu gado.
- José introduziu a seu pai Jacó e pô-lo diante de Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
- Perguntou Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
- Respondeu-lhe Jacó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos: poucos e maus têm sido os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.
- Tendo Jacó abençoado a Faraó, saiu da presença dele.
- José estabeleceu a seu pai e a seus irmãos, e deu-lhes uma possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como ordenara Faraó.
- José sustentou de pão a seu pai, a seus irmãos e a toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhinhos.
- Não havia pão em toda a terra; pois a fome era mui grave, de modo que desfalecia a terra do Egito e a terra de Canaã por causa da fome.
- Então José ajuntou todo o dinheiro que se achou na terra do Egito e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam, e o trouxe à casa de Faraó.
- Gasto que foi o dinheiro da terra do Egito e da terra de Canaã, vieram a José todos os egípcios e disseram: Dá-nos pão, por que morreremos na tua presença? Porquanto nos falta o dinheiro.
- Respondeu José: Trazei o vosso gado; e por vosso gado vo-lo darei, se faltar dinheiro.
- Trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca de cavalos, de ovelhas, de bois e de jumentos; e os sustentou de pão aquele ano em troca de todo gado deles.
- Findo aquele ano, foram a José no segundo ano, e disseram-lhe: Não ocultaremos a meu senhor que o nosso dinheiro está inteiramente gasto; o gado já pertence a meu senhor; nada nos é deixado diante de meu senhor, senão os nossos corpos e as nossas terras.
- Por que morreremos diante de teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compara-nos a nós e a nossa terra em troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó: dá-nos sementes, para que vivamos e não morramos, e para que não fique desolada a terra.
- Assim comprou José toda a terra do Egito para Faraó. Os egípcios venderam cada um o seu campo, porque a fome os afligia: e a terra ficou sendo de Faraó.
- Quanto ao povo, fê-lo passar às cidades desde uma até a outra extremidade dos confins do Egito.
- Somente a terra dos sacerdotes, ele não a comprou; pois os sacerdotes tinham rações de Faraó, e comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado, pelo que não venderam a sua terra.
- Disse José ao povo: Eis que vos comprei hoje a vós, e as vossas terras para Faraó; aqui tendes sementes para vós, e semeareis a terra.
- Nos tempos da ceifa dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão vossas, para semente do campo e para o vosso mantimento e dos que estão em vossas casas, e para o mantimento de vossos filhinhos.
- Responderam eles: Tu nos tens conservado a vida! Achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.
- José estabeleceu por estatuto, quanto à terra do Egito, que a Faraó fosse dado o quinto; somente a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.
- Israel habitou na terra do Egito, na terra de Gósen; nela adquiriram possessões, frutificaram e se multiplicaram duma maneira extraordinária.
- Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; assim os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
- Chegando-se o tempo da morte de Israel, chamou a seu filho José, e disse-lhe: Se agora achei graça aos teus olhos, põe a mão por baixo da minha coxa, e usa para comigo de benevolência e de verdade. Rogo-te que não me enterres no Egito;
- mas, quando eu dormir com meus pais, levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás no lugar da sepultura deles. Respondeu José: Eu farei como disseste.
- Pois jura-me, disse Jacó; e jurou-lhe. E inclinou-se Israel sobre a cabeceira da cama.
- Depois destas coisas disse alguém a José: Eis que teu pai está doente. José levou consigo a seus dois filhos Manassés e Efraim.
- Então disseram a Jacó: Eis que teu filho José vem ter contigo; e, esforçando-se Israel, sentou-se sobre o leito.
- Disse Jacó a José: O Deus Todo-poderoso apareceu-me em Luz na terra de Canaã, abençoou-me
- e disse-me: Eis que te farei frutificar, te multiplicarei, te tornarei uma multidão de povos e te darei em possessão sempiterna esta terra à tua descendência depois de ti.
- Agora, pois, teus dois filhos, que te nasceram na terra do Egito antes que eu viesse ter contigo no Egito, são meus; Efraim e Manassés, assim como Rúben e Simeão, serão meus.
- Mas a tua prole, que tiveres depois deles, será tua; segundo o nome de teus irmãos serão chamados na sua herança.
- Quanto a mim, vindo eu de Padã, com pesar meu morreu Raquel na terra de Canaã, no caminho, havendo ainda alguma distância antes de chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a Efrata (esta é Belém).
- Vendo Israel os filhos de José, perguntou: Quem são estes?
- Respondeu José a seu pai: São meus filhos, que Deus me deu aqui. Faze-os chegar a mim, disse ele, e eu os abençoarei.
- Ora os olhos de Israel se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver. José, pois, fê-los chegar a ele; ele os beijou e os abraçou.
- Então disse Israel a José: Eu não cuidara ver o teu rosto, e eis que Deus me fez ver também a tua descendência.
- José tirou-os dentre os joelhos de seu pai, e prostrou-se com o rosto em terra.
- Depois levou os dois, a Efraim com a sua mão direita à esquerda de Israel, e a Manassés com a sua mão esquerda à direita de Israel, e fê-los chegar a ele.
- Estendendo Israel a mão direita, pô-la sobre a cabeça de Efraim que era o menor; e a mão esquerda pôs sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as mãos assim propositadamente; pois Manassés era o primogênito.
- Abençoou a José, dizendo: O Deus, diante de quem andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia,
- o anjo que me tem livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos; seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e cresçam em multidão no meio da terra.
- Vendo José que seu pai tinha a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isto desagradável; levantou a mão de seu pai a fim de a remover da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés.
- Disse José a seu pai: Não é assim, meu pai, pois este é o primogênito: põe a tua mão direita sobre a sua cabeça.
- Mas seu pai, recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele também será grande: contudo seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência se tornará uma multidão de nações.
- Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Por ti abençoará Israel e dirá: Deus te faça como Efraim e como Manassés. Desta sorte pôs a Efraim adiante de Manassés.
- Depois disse Israel a José: Eis que eu morro; porém Deus será convosco, e vos fará voltar para a terra de vossos pais.
- Eu te dou de mais que a teus irmãos um declive montanhoso, que tomei com a minha espada e com o meu arco das mãos dos amorreus.
- Tendo Jacó chamado a seus filhos, disse: Ajuntai-vos para que vos anuncie o que vos há de acontecer nos dias vindouros.
- Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; ouvi a Israel, vosso pai.
- Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, preeminente em dignidade e preeminente em poder.
- Fervente como a água, não tenhas a proeminência! Porque subiste ao leito de teu pai; então o contaminaste: subiu à minha cama!
- Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.
- Não entres, minha alma, no seu concílio; não te ajuntes, minha glória, com a sua assembleia; porque na sua ira mataram homens, e na sua teimosia jarretaram touros.
- Maldito seja o seu furor, porque era forte; e maldita seja a sua ira, porque era cruel. Dividi-los-ei em Jacó, e espalhá-los-ei em Israel.
- Judá, a ti te louvarão teus irmãos; sobre a cerviz de teus inimigos será a tua mão; diante de ti se prostrarão os filhos de teu pai.
- Judá é leãozinho: da presa subiste, meu filho. Encurva-se, deita-se como um leão, e como uma leoa; quem o despertará?
- Não se apartará de Judá o cetro, nem a vara do comando dentre seus pés, até que venha aquele de quem ela é, e a esse obedecerão os povos.
- Atando o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira seleta, tem lavado em vinho as suas roupas, e em sangue de uva os seus vestidos.
- Os seus olhos são vermelhos de vinho, e os seus dentes brancos de leite.
- Zebulom habitará na praia do mar: ele será porto de navios, e o seu termo estender-se-á até Sidom.
- Issacar é jumento ossudo, deitado entre os rebanhos de ovelhas:
- Viu que o descanso era bom, e que a terra era agradável; sujeitou os seus ombros à carga e entregou-se ao serviço forçado de um escravo.
- Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.
- Dã será uma serpente no caminho, uma cerasta na vereda, que morde os calcanhares ao cavalo, de maneira que caia para trás o seu cavaleiro.
- A tua salvação tenho esperado, ó Jeová!
- Gade, uma guerrilha o acometerá; mas ele a perseguirá.
- Aser, o seu pão será gordo, e ele produzirá delícias reais.
- Naftali é gazela solta: ele profere belas palavras.
- José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus raminhos se estendem sobre o muro.
- Os flecheiros têm-no maltratado, atirado contra ele, e têm-no perseguido:
- O seu arco, porém, permaneceu firme, e foram feitos ativos os braços de suas mãos pelas mãos do poderoso de Jacó (daí o pastor, a pedra de Israel),
- sim, pelo Deus de teu pai que ele te ajude, e pelo Poderoso que ele te abençoe, com as bênçãos do céu acima, com as bênçãos do abismo que jaz abaixo, com as bênçãos dos peitos e da madre.
- As bênçãos de teu pai ultrapassam as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros, sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que é o príncipe entre seus irmãos.
- Benjamim é lobo que despedaça: pela manhã devora a presa, e à tarde reparte o despojo.
- Todas estas são as doze tribos de Israel e isto é o que lhes disse seu pai quando os abençoou; a cada um segundo a sua bênção os abençoou.
- Deu-lhes esta ordem, dizendo: Vou ser reunido ao meu povo; sepultai-me com meus pais na cova que está no campo de Efrom heteu,
- na cova que está no campo de Macpela, em frente de Manre, na terra de Canaã, a qual juntamente com o campo comprou Abraão de Efrom heteu para posse de um lugar de sepultura.
- Ali sepultaram a Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e ali sepultei a Lia:
- o campo é a cova que está nele, comprados aos filhos de Hete.
- Tendo Jacó acabado de dar estas instruções a seus filhos, encolheu os pés na cama, expirou e foi reunido a seus pais.
- José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.
- Ordenou a seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel.
- Cumpriram-se-lhe quarenta dias, pois assim se cumprem os dias da embalsamação; e os egípcios choraram-no setenta dias.
- Acabados os dias de o chorarem, disse José à casa de Faraó: Se agora achei graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó:
- Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; no meu sepulcro que fiz abrir para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir e sepultar meu pai, depois voltarei.
- Respondeu Faraó: Vai sepultar teu pai como ele te fez jurar.
- José subiu para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,
- e toda a casa de José, e seus irmãos e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, os seus rebanhos e os seus gados.
- Subiram com ele tanto carros como cavaleiros; e houve um concurso mui grande
- à eira de Atade, que está além do Jordão, e ali prantearam com mui grande e forte pranto sete dias; e fez José uma lamentação por seu pai.
- Os moradores da terra, os cananeus, visto o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abelmizraim, que está além do Jordão.
- Fizeram-lhe seus filhos como lhes havia ordenado:
- levaram-no para a terra de Canaã, e o sepultaram na cova no campo de Macpela, em frente de Manre, a qual Abraão comprou com o campo para posse de lugar de sepultura a Efrom heteu.
- Depois de haverem feito isto, voltou José para o Egito, ele, seus irmãos e todos os que com ele subiram para sepultar seu pai.
- Vendo os irmãos de José que seu pai tinha morrido, disseram: Porventura José nos aborrecerá, e nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.
- Mandaram, então, esta mensagem a José: Teu pai ordenou antes da sua morte, dizendo:
- Assim direis a José: Perdoa a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal. Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam.
- Vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Nós somos teus servos.
- Respondeu-lhes José: Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?
- Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o intentou para o bem, para fazer, como é agora, que se conserve muita gente em vida.
- Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhinhos. Assim os consolou, e lhes falou ao coração.
- José habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.
- Viu José os filhos de Efraim até a terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
- Disse José a seus irmãos: Eu morro; porém Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
- José fez os filhos de Israel jurar, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar deste lugar os meus ossos.
- Assim morreu José, tendo cento e dez anos de idade; embalsamaram-no e puseram-no num caixão no Egito.
Capítulos de Gênesis
- Capítulo I
- Capítulo II
- Capítulo III
- Capítulo IV
- Capítulo V
- Capítulo VI
- Capítulo VII
- Capítulo VIII
- Capítulo IX
- Capítulo X
- Capítulo XI
- Capítulo XII
- Capítulo XIII
- Capítulo XIV
- Capítulo XV
- Capítulo XVI
- Capítulo XVII
- Capítulo XVIII
- Capítulo XIX
- Capítulo XX
- Capítulo XXI
- Capítulo XXII
- Capítulo XXIII
- Capítulo XXIV
- Capítulo XXV
- Capítulo XXVI
- Capítulo XXVII
- Capítulo XXVIII
- Capítulo XXIX
- Capítulo XXX
- Capítulo XXXI
- Capítulo XXXII
- Capítulo XXXIII
- Capítulo XXXIV
- Capítulo XXXV
- Capítulo XXXVI
- Capítulo XXXVII
- Capítulo XXXVIII
- Capítulo XXXIX
- Capítulo XL
- Capítulo XLI
- Capítulo XLII
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- Capítulo XLIV
- Capítulo XLV
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- Capítulo XLVII
- Capítulo XLVIII
- Capítulo XLIX
- Capítulo L